Produtores norte-mineiros procuram novas fontes de renda

Jornal O Norte
04/08/2005 às 17:12.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:49

Valéria Esteves


Repórter


valeria@onorte.net

Com incentivos no setor de agronegócios que tem representado cerca de 33% da renda do Brasil, produções de sementes e de maxixe têm resolvido a vida de alguns produtores. Pelo menos é o que se vê no Projeto Jaíba, onde os pequenos produtores têm tirado até 60 mil reais com a safra de sementes.

Conforme os produtores em sua maioria vinculados a associações a produção de banana, há algum tempo não têm sido alcançados os resultados esperados ou semelhantes àqueles de tempos atrás. Na última colheita, a do final do ano, alguns produtores, porém, puderam adquirir alguns bens graças ao sucesso na produção.

Evandro e Isaac Martins dizem que nem o final de semana tem sido poupado, já que a produção de sementes exige atenção máxima.

- Temos trabalhado até aos domingos na roça, caso contrário plantação de alface, por exemplo, pode passar do ponto ideal exigido pelas empresas que selecionam as melhores sementes para encaminhar para suas matrizes concentradas em sua maior parte nas regiões Sul do Brasil.

Quanto ao maxixe, que há aproximadamente cinco anos, segundo dados da Emater, tem sido constantemente plantado, o interesse também tem crescido. Empresários e agricultores, de acordo com o gerente da Emater do Jaíba, Aloísio Nery, vislumbram nessa produção uma alternativa de investimento.

MAXIXE

Mesmo com as pequenas margens de lucro, o agrônomo Fabrício Pereira Rezende defende que o retorno econômico depende de diversos fatores, como o uso adequado das tecnologias de cultivo, como, por exemplo, o preparo de solo com antecedência, atentando para correção dos níveis de fertilidade e matéria orgânica, que favoreçam o pleno desenvolvimento do sistema radicular, dando suporte para que a cultura responda de forma satisfatória, com altos índices de produtividade e pouca susceptibilidade às pragas.

Segundo informam autores da área, a maioria das outras regiões, o maxixe apresenta níveis de produtividade entre quatro e cinco toneladas por hectare por ciclo. Entretanto, em cultivos comerciais conduzidos por alguns agricultores do perímetro irrigado do Jaíba, os níveis de produtividades alcançados foram de 10 a 12 toneladas por hectare, possibilitando boa lucratividade, alcançando nos meses de maio a junho, até R$ 6.000/hectare de margem de lucro.

Por outro lado, o cultivo de maxixe aparece como atividade que agrega valor à mão-de-obra, tendo relevante papel na geração de emprego.

- Uma vez que aloca a mão-de-obra familiar que até então se encontrava ociosa – afirma a Emater.

COLHEITA

Para a colheita de um hectare da cultura são necessários trabalhos intensivos de cinco pessoas em jornadas de dois dias por semana.

Sobre o maxixe, Cucumis anguria, o agrônomo diz que é uma cucurbitácea altamente rústica, originária da África, introduzida no Brasil pelos escravos e cultivada em pequena escala. Os frutos em formato globular-alongado, com casca fina, lisa ou espinhosa e coloração verde claro a escuro, apresentam sabor suave.

O ciclo produtivo é de 120 dias, concentrando a mão-de-obra para colheita principalmente no terceiro e quarto meses de cultivo. Por possuir ciclo curto resulta em custos de produção relativamente baixos que ficam em aproximadamente quatro mil e seiscentos reais por hectare, incluindo classificação, embalagem e transporte até as centrais de abastecimento.

As principais pragas que atacam a cultura são o míldio e a mosca branca exigindo controle eficiente, e em tempo hábil, para que as injúrias provocadas por estas não comprometam a planta a ponto de reduzir os níveis de produtividade e trazer prejuízo econômico ao agricultor.

A nutricionista Deliana Ribas Fonseca comenta que em geral o maxixe é consumido na forma de cozidos ou refogados, mas pode ser usado cru nas saladas em substituição ao pepino.

- Cozido com carnes, abóbora, quiabo e temperos, é um prato típico do nordeste brasileiro, sendo muito apreciado na região e conhecido popularmente por maxixada. Por ser um alimento rico em zinco e fonte de sais minerais, além de apresentar baixo valor calórico, constitui uma ótima opção nos cardápios para pessoas que fazem dieta, com objetivo de emagrecer ou mesmo de manter o peso. O crescente apelo dos consumidores por alimentos mais saudáveis e menos calóricos vem agregando valor ao produto - diz.

Apesar de tradicionalmente consumido no nordeste, atualmente observar-se um crescente aumento na ocorrência desse fruto nos mercados do Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, além de outros mercados do centro-sul, em menor escala de importância.

- Entendemos que o aumento do consumo, seguido da crescente procura pelo produto significam boa alternativa de produção para os agricultores familiares do Jaíba, conclui Aloísio.

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