Produtores rurais querem novidades quanto a benefícios de combate à seca

Jornal O Norte
03/03/2008 às 11:14.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:26

Valéria Esteves


Repórter

Produtores rurais e lideranças municipais vão à reunião de ações para a convivência com a seca apresentar suas reivindicações quanto às taxas a serem cobradas pelo uso da água. Eles alegam que a taxa fixada no mínimo de R$ 1.600 e máximo de R$ 1.700 pelo consumo da água, cobrança essa feita às associações de produtores e emitida pelo Igam- Instituto mineiro de gestão das águas não condiz com a realidade dos agricultores. Outra cobrança ali reclamada foi quanto as altas contas de energia da Cemig.




Medidas de convivência com a seca não traz novidades em reunião, em Montes Claros (foto: WILSON MEDEIROS)

Segundo Gedeon Ferreira Araújo, produtor de São Francisco, que estava empunhando faixas de protestos com outros produtores, a cobrança não é ilegítima, mas ele ressalta que como a seca dos últimos tempos acabou com as lavouras e com o gado, será difícil pagar uma taxa tão alta, apesar de ser rateada entre os associados.

- Não estamos querendo que não haja cobrança de água queremos apenas, revitalização do rio São Francisco e taxas menores. Neste ano, plantei milho umas três vezes, além de feijão e pastagens, perdi quase tudo e só por aí dá pra concluir que não tenho condições de pagar taxa cara - diz Gedeon.

Adenilson Rodrigues, também agricultor familiar diz que também plantou milho e feijão e já tinha vivido a experiência de ter perdido toda sua produção, mas essa foi a primeira vez que perdeu tudo o que plantou de mandioca.

Durante a apresentação das ações o secretário de Estado de Governo, Danilo de Castro falou que uma das ações do governo de Minas Gerais é a criação do centro de estudos sobre a seca. Ação essa que receberá o investimento de R$ 1 milhão a ser gerenciado pela Unimontes. Apresentou ainda a abertura de duas novas linhas de crédito aos produtores rurais no valor de R$ 40 milhões pelo BDMG- banco de Desenvolvimento do Estado de Minas Gerais, além da distribuição de sementes de feijão e sorgo. Vale lembrar que todos os representantes do comitê de combate à seca incluindo, secretaria de Ciências e Tecnologia, BDMG, Idene, IMA, coordenadoria estadual de Defesa Civil, Ruralminas, sistema estadual de Meio Ambiente, Cemig, Emater, entre outros, discorrem sobre o que farão para contribuir para o melhor convívio do homem do campo com a seca.

As medidas anunciadas também contemplam a redução do preço da arroba do boi, recuperação de bacias, energia mais barata, construção de cisternas, saúde, água para zona rural, caminhão-pipa, aquisição de maquinário, benefício à avicultura, combate à praga, cestas básicas, e meio ambiente. Há alguns dias muitos munícipes do Norte de Minas ficaram a espera de água para beber e para as necessidades como alimentar os animais, mas o governo de Minas havia suspendido o contrato com a empresa dos caminhões-pipa.

Os produtores, assim como Adenilson, reclamam que o problema com a energia também é pungente. A maioria dos produtores dos perímetros irrigados, por exemplo, irriga suas terras à noite por conta da redução da tarifa de energia cobrada pela Cemig.

- Eu mesmo não tenho condições de pagar R$ 1.200 por um medidor que a Cemig fala para baratear minha energia. Mesmo pagando em parcelas. Minha lavoura não dá lucro desse tanto pra eu pagar um medidor nesse valor - reclama.

Para Márcio Baumgratz, superintendente de relações comerciais da Cemig haverá uma redução de 64% nas tarifas de energia para consumidores que usam poços tubulares, além disso a Cemig fará um levantamento com comunidades que precisam desses postos para usarem em suas produções.

- A proposta é que sejam aplicadas taxas diferenciadas dependendo do tipo de consumo, se é trifásico, monofásico para que esses consumidores paguem menos pelo serviço. E quanto ao medidor disponibilizado ao produtores que irrigam à noite,a Cemig oferece o medidor a R$ 1.200 dividido em parcelas de 36 vezes, basta que nos procure, defende.

Para o deputado estadual Paulo Guedes nada do que foi apresentado na reunião foi novo. Todas as medidas já haviam sido anunciadas, sem contar que a conta de energia da Cemig é a mais cara do mundo e a Anel havia anunciado uma diminuição de 10% na tarifa, enquanto a Cemig anunciou 15%. Dessa maneira os mineiros continuarão pagando mais caro do que todos os outros Estados - enfatiza.

Para o deputado estadual, Ruy Muniz, os avanços quanto as medidas apresentadas na reunião, foram ampliados, seja na redução da taxa de energia ofertados pela Cemig, tanto quanto na iniciativa de ajudar o pecuarista a ter um gado de qualidade para exportação; apesar de que ainda é preciso que se libere mais recursos para a construção de barragens. Segundo ele, os deputados pediram ao governador que sejam liberados mais R$ 50 milhões para a construção das barragens no Norte de Minas, já que muitas obras para atender à comunidade regional ainda precisam acontecer.

Num total foram investidos R$ 86,2 milhões.

DE OLHOS ATENTOS

Os pecuaristas ficaram atentos quando o assunto foi a redução do preço da arroba. Há anos o preço da arroba não ultrapassa os R$ 70, segundo o sindicato dos Produtores Rurais de Montes Claros. O governo de Minas diz que vai reduzir em 40% o preço da arroba do boi para efeito de cálculo do ICMS nos 188 municípios das regiões Norte e Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Hoje a cotação da arroba é de R$ 63 e será reduzida para R$ R$ 37,40. O decreto que define essa ação será publicado no Diário Oficial nos próximos dias com vigência de seis meses.

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