O membro do conselho do Banco Central Europeu (BCE) Benoît Coeuré afirmou que o novo programa de compras de bônus da instituição, chamado Transações Monetárias Completas (OMT, na sigla em inglês), foi desenvolvido para ser utilizado.
"Mesmo que os efeitos do anúncio do programa já sejam visíveis sem a intervenção do BCE, é importante destacar que o OMT foi desenvolvido para ser utilizado, e que o BCE está pronto", disse Coeuré em uma entrevista ao jornal francês Les Echos, que será publicada na edição de amanhã.
O programa de compras de bônus foi desenvolvido para ajudar a reduzir os custos de financiamento para países debilitados da zona do euro, mas ele só será ativado quando houver um pedido formal do membro beneficiado. Segundo Coeuré, os mercado se acalmaram após o anúncio do programa e os investidores fecharam posições vendidas em países do sul da Europa, ou até mesmo começaram a reinvestir nesses mercados.
Na entrevista ao Les Echos Coeuré também disse que haverá um acordo sobre como resolver o problema da dívida da Grécia. No momento, a zona do euro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) estão discutindo sobre como financiar o buraco que será aberto caso o país receba mais tempo para atingir suas metas de redução do déficit orçamentário.
Segundo Coeuré, essas discussões não envolvem o BCE, que não pode financiar diretamente os governos da zona do euro. Mesmo assim, ele afirmou que seria "lógico" que os lucros obtidos com o antigo programa de compras de bônus do banco central - chamado Programa de Títulos do Mercado (SMP, na sigla em inglês) - fossem repassados aos governos da zona do euro, que depois poderiam repassar esses lucros para a Grécia.
Questionado se esses lucros seriam de quase 12 bilhões de euros, como se especula, Coeuré disse que essas estimativas são "muito altas".
Na entrevista o membro do BCE também diz que não tem dúvidas sobre o compromisso do FMI com a zona do euro, mesmo que caiba aos próprios europeus assumir a liderança no combate à crise da dívida. Segundo ele, nenhum outro programa do FMI foi tão grande e tão difícil como o pacote destinado à Grécia.
Coeuré afirma ainda que as privatizações e a luta contra a evasão fiscal vão levar mais tempo do que o esperado na Grécia, mas afirmou ter certeza da determinação do governo atual. As informações são da Dow Jones.
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