Projeto Jaíba Empreendedor de cara nova

Jornal O Norte
01/04/2008 às 15:54.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:29

Depois de muitos anos se


arrastando, o maior projeto


de agricultura irrigada da


América Latina está em seu


melhor momento de ebulição

Valéria Esteves


Repórter

O mercado pede perspicácia do empreendedor e é assim que o Projeto Jaíba tem caminhado. Quando de sua criação sua base era a agricultura familiar, mas depois de algumas exigências impostas pelo próprio mercado, o maior projeto irrigado da América Latina foi tomando forma e ganhando novo foco, como bem especificou o agrônomo e consultor, Rômulo Marques, da Propec.

O grande negócio em sua visão é trabalhar integrado, ou melhor, dizendo, unir pequenos agricultores aos médios e grandes que hoje fazem aparecer os reais lucros do Jaíba. Com cadeias produtivas sendo organizadas, a fruticultura bem como a produção de oleaginosas e cana-de-açúcar tem conquistado lugar na visão dos produtores que tem se tornado empresarial e micro-empresarial à medida que os arranjos produtivos vêm se encaixando.

Há de se lembrar que a cultura de sementes de hortaliças também tem sido o chamariz para a instalação de empresas do ramo, interessadas em trabalhar lado a lado com os agricultores. A proposta de parceria tem agradado os produtores que antes tinham apenas a opção da bananicultura estabelecendo dessa forma, a monocultura em suas propriedades. A prova de que essa realidade mudou a partir da percepção de que a pesquisa deveria ser aliada ao homem do campo.

Novas variedades de plantas dentro do contexto da fruticultura e de outras culturas estão sendo produzidas e pesquisadas; tudo para que o produtor saiba o que plantar e como manejar a cultura.

Ainda na Etapa I nas áreas empresariais os médios e grandes empresários têm feito altos investimentos e apostado que é possível voar mais alto. A produção de café também atraiu investidores. Apesar de o assunto da hora ser a produção de cana para indústria, a grande aposta do governo federal é a produção de oleaginosas para o biodiesel.

POTENCIALIDADES



Aos poucos o cenário econômico do Jaíba tem se desenhado como defende Rômulo. Além da chegada de empresas que atuam com produção de sementes, há que se dizer de empresas como a Sada Energética que planta cana-de-açúcar e ainda da agroindústria Pomar Brasil que deve processar frutas como o maracujá, abacaxi, manga e goiaba no local. A Sada por sinal almeja plantar cerca de 450 hectares de cana-de-açúcar que serão comercializados com a indústria para produção de etanol; um dos maiores investimentos na atualidade, segundo os economistas.

GARANTIA DE RENTABILIDADE

O carro chefe no Jaíba para o agrônomo é a agroenergia, (álcool e biodiesel) e a fruticultura integrada a um sistema agroindustrial; mas ele defende a criação de tecnologias que dêem suporte a essa demanda que vai ocorrer. Isso para que o produtor possa colocar seu produto no mercado todo o ano. - A solução, por exemplo, no setor de álcool seria desenvolver e testar novas cultivares de cana-de-açúcar adaptáveis a nossa região; porque o que a gente está fazendo é trazendo variedades desenvolvidas para outras condições de clima e solo e adaptando-as aqui. A maneira de se consolidar é gerar novos projetos de pesquisa para criar cultivares que atendam nossas necessidades climáticas e de solo. O que também tem que acontecer no setor do biodiesel. As pesquisas é que darão orientação ao produtor na hora de escolher quais as oleaginosas irrigadas ou não, que vão se adaptar ao clima e ao solo. Aí vem o pinhão manso irrigado ou de sequeiro, algodão irrigado, a própria mamona o girassol na forrageira etc, diz.

GERAÇÃO DE TECNOLOGIAS

Rômulo assinala que a pesquisa deve contemplar também a fruticultura, principalmente a produção de manga, goiaba, maracujá e abacaxi que exige um investimento alto e uma tecnologia própria para se gerar conhecimentos e técnicas. Tudo para que os produtores possam adotá-las para ter um resultado adequado. Há anos o Jaíba vem se arrastando, mas desta vez pelo que a projeção de negócios indica, especialmente pela chegada de indústrias, chegou a vez de alavancar.

Acredita-se que o projeto da Pomar Brasil vai proporcionar demanda sustentável para a região com o processamento de frutas para feitura de sucos in natura. Os sucos serão diluídos e colocados no varejo com expectativa de rentabilidade para os investidores. Essa jogada já tem sido adotada por empresas de ponta como a Coca-Cola e a Pepsi.

Segundo o consultor de mercado na Alemanha, Claus Traeger a tendência é que o mercado absorva as frutas tropicais. As empresas citadas têm utilizado dessa demanda criando novos sabores para seus produtos, e com isso tem conquistado o paladar de milhares de pessoas pelo mundo.

Sem dúvida, dizem os consultores, hoje no Jaíba a atividade que tem se despontado é a cana, isso contando que a Sada deve produzir 2,4 milhões de toneladas e a AN Pessoa 1,5 mil toneladas, o que vai totalizar uma área plantada em torno de 20 a 25 mil hectares de cana. Esses dois projetos deverão entrar em operação a partir de 2008. Pelo que tudo aponta será o álcool o carro chefe nesse momento.

Vale lembrar que os cítricos como o limão, por exemplo, também tem ganhado espaço no mercado, assim como o tomate na região de Janaúba. Isso não acontecia antes, afirmam os consultores, porque não se agregava valor ao produto.

- Os produtos eram selecionados numa packing house, mas isso não era suficiente, salientam.

Os agricultores trabalham hoje com projeção de mercado, o que pode ser notado já na Etapa II onde se concentram os médios e grandes produtores.

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