(Lucas Prates/Hoje em Dia)
Aproximar o público de uma obra. Esse é o objetivo em comum de diversos projetos do universo da arte desenvolvidos na capital. Desde a compreensão, por exemplo, de um clássico como “Grande Sertão Veredas”, de Guimarães Rosa (1908-1967), ao que se passa por detrás da montagem de uma versão operística de “Romeu & Julieta”, de Shakespeare, a ideia é dar oportunidade de o público fazer um mergulho profundo e compreender não só as linhas, mas, também, as entrelinhas de trabalhos artístico-culturais. Além disso, quebram-se preconceitos como “essa arte não é para mim”.
“A proposta é tirar a obra do reduto da academia e trazê-la para um público maior; é quebrar a barreira que, às vezes, existe entre o autor e o leitor”, afirma o idealizador do “Letra em Cena. Como Ler”, o jornalista e escritor José Eduardo Gonçalves. O projeto, que acontece no Café do Centro Cultural Minas Tênis Clube, estreou no mês passado, quando “Macunaíma”, de Mário de Andrade (1893-1945), foi debatido sob as coordenadas do músico José Miguel Wisnik.
O próximo encontro será no dia 14, às 19h, e o livro escolhido desta vez é o já mencionado “Grande Sertão Veredas”. “Este é um livro tão complicado que pensamos como a gente poderia ajudar as pessoas a lê-lo. Muitos olham (para o livro) e falam que não estão preparados ainda para entendê-lo. Mas nada é clássico por acaso. Não é à toa que obras como essas não se esgotam com o tempo e continuam importantes. Com esse projeto, queremos dar a oportunidade de as pessoas entenderem a relevância dessas obras e autores”, explica Gonçalves. “Queremos motivar as pessoas a lerem mais. Isso porque acredito que quem lê tem chance de ser uma pessoa melhor. A leitura é importante para a formação do ser humano”, acrescenta.
No encontro do dia 14, o doutor em Literatura Antônio Sérgio Bueno será o responsável por apresentar a obra-prima e o ator Odilon Esteves, da Cia Luna Lunera, fará uma leitura dramática de alguns trechos. O “Letra em Cena. Como Ler” é gratuito e aberto ao público. Os interessados devem enviar e-mail para letraemcena@minastc.com.br. Divulgação / N/A
“LETRA EM CENA” – As próximas obras analisadas serão as de Guimarães Rosa (14/6), Ana Cristina Cesar (13/9) e Murilo Rubião (25/10)
Inclusivo: Setor Braille da Biblioteca Pública tem Clube de Leitura
Desde 2014, o Clube de Leitura do Setor Braille da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa busca incentivar a leitura, especialmente pelas pessoas com deficiência visual. “É por meio do braille que os cegos terão acesso a como se escreve as palavras. Assim, ele pode perceber, por exemplo, que ‘casa’ se pronuncia com ‘z’, mas se escreve com ‘s’. Apenas escutando as palavras, elas não têm essa compreensão”, articula o coordenador do Setor Braille, Glicélio Ramos.
Ele explica, contudo, que o projeto não se limita aos cegos. Todos estão convidados a participar dos encontros. A única condição é que tenha sido feita a leitura do livro a ser discutido. Hoje, às 9h, “O Grande Mentecapto”, de Fernando Sabino (1923-2004), será destrinchado.
“Os encontros são importantes para o compartilhamento do conhecimento. Eu posso, por exemplo, passar por um aspecto do livro e aquilo não ter me chamado atenção. Dessa forma, podemos ter um entendimento diferente do livro e até mesmo da nossa própria realidade a partir daquela obra”, considera.Divulgação / N/A
BRAILLE – Hoje, às 9h, “O Grande Mentecapto”, de Fernando Sabino, será debatido. Em 20/8, é a vez de “O Guardião de Memórias”, de Kim Edwards
Artes visuais em debate
A dotART Galeria de Arte inaugura no próximo dia 11 de junho, uma nova programação em seu espaço expositivo. Com a proposta de desenvolver um calendário de ações voltado para promover a discussão e a análise da arte na contemporaneidade, a galeria realiza o debate “Voar Fora da Asa – Mente e Arte: Victor Arruda”, em torno da criação do artista e de sua relação com a mente, o corpo, o ritmo e os gestos.
A proposta da instituição é estabelecer uma agenda que promova uma experiência de apreciação diferenciada de uma exposição ou de determinadas obras de arte.
A dotART Galeria de Arte fica na rua Bernardo Guimarães, 911, e a atividade é gratuita. Bianca Moreira/Divulgação / N/ANA DOTART – Debate no dia 11/6, às 11h, terá participação do artista plástico Victor Arruda; a exposição “Caleidoscópio” segue em cartaz até 17/6
Fundação Clóvis Salgado inaugura Ciclo de Palestras tendo como tema a ópera "Romeu e Julieta"
“A ópera não é um gênero empoado. Pelo contrário, a plateia é formada por jovens; nela não se vê mais só cabeça branca. Há ainda uma renovação de elenco”, trata logo de desmitificar a diretora de produção da Fundação Clóvis Salgado (FCS), Cláudia Malta. Ela é uma das palestrantes do 1º Ciclo de Palestras do Núcleo de Ópera do Cefart, iniciado em maio, tendo como tema “Romeu & Julieta”, recentemente encenada no Palácio das Artes.
Cláudia explica que, além de desmitificar o gênero, a proposta das palestras, que seguem até o dia 13 deste mês, é levar o público a conhecer com profundidade a “riqueza de uma ópera”. Por isso, o projeto engloba desde a história do gênero teatral até detalhes como a iluminação da montagem.
A iniciativa tem sido aprovada pelo público. “Depois que vi a ópera, fiquei interessado em saber como é feita a produção. E, após essa palestra, nunca mais irei ver um espetáculo com os mesmos olhos. Agora, vou valorizar todo o trabalho feito por trás da montagem”, afirma o engenheiro de segurança Augusto Borges, de 64 anos.
O próximo Ciclo de Palestras acontecerá em setembro e outubro e terá como tema “O Guarani”, ópera de Carlos Gomes, que será apresentada em novembro.
Outro projeto da FCS é o “História Permanente do Cinema”, realizado às quintas-feiras, às 17h, no Cine Humberto Mauro, com comentários de especialistas, críticos de cinema ou cineastas após a exibição do filme. A entrada é franca.Divulgação / N/ANO IDEA ESPAÇO CULTURAL – O professor Elcio Cornelsen ministra a palestra “A linguagem do futebol segundo Pasolini”
às 17h, o clássico “O Evangelho Segundo São Mateus” (1964). Na sequência, haverá palestra com o Prof. Elcio Cornelsen (FALE/UFMG) com o tema “A linguagem do futebol segundo Pasolini”. A entrada é franca.
Concertos Comentados da Filarmônica 'pontencializa presença das pessoas nos concertos'
Já os “Concertos Comentados” da Filarmônica de Minas Gerais, acontecem das 19h30 às 20h, às quintas e sextas-feiras, no foyer do 1º andar da Sala Minas Gerais. Segundo o curador do projeto, o percussionista Werner Silveira, a ideia é a de “potencializar a presença das pessoas na hora do concerto”.
“Mais do que falar da informação técnica, como quando o compositor nasceu, queremos entrar no mundo dele. É como uma pessoa que gosta de café ter a chance de entrar numa plantação de café e ouvir do produtor causos não só sobre o fruto, mas também da região”, compara Silveira. “As pessoas gostam. E alguns colegas (da orquestra) dizem que a palestra deveria ser dada no primeiro ensaio geral, porque eles tocam diferente depois de ouvi-la”.
As próximas sessões serão nos dias 9 e 10, sobre “O Lago dos Cisnes”, de Tchaikovsky. A bailarina e historiadora de dança Regina Amaral é a convidada para falar sobre a famosa obra.Eugênio Sávio/Divulgação / N/A
“CONCERTOS COMENTADOS” – A participação é gratuita, por ordem de chegada, para quem apresentar o ingresso do concerto da noite