Promotor de Mariana cobra ações da Samarco

Renato Fonseca - Hoje em Dia
06/12/2015 às 08:23.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:13
 (Wesley Rodrigues / Hoje em Dia )

(Wesley Rodrigues / Hoje em Dia )

MARIANA – Nenhum dos cerca de 600 moradores do distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na região Central, tem passagem pela polícia. O povoado, devastado pela avalanche de lama após o rompimento de uma barragem da Samarco no dia 5 de novembro, era conhecido pelos ares bucólicos e comunidade ordeira.

“Destruíram um pequeno paraíso dentro do município”, resume o promotor do Ministério Público de Mariana, Guilherme de Sá Meneghin. À frente das investigações da tragédia que deixou pelo menos 11 pessoas mortas, arrastou casas e danificou o meio ambiente, ele é o entrevistado de amanhã do Página Dois, do Hoje em Dia.

Ele destaca, dentre outros assuntos, a lentidão da Samarco em prestar as assistências necessárias às famílias atingidas. “Ela (mineradora) está fazendo algumas coisas para as vítimas, mas de uma forma um pouco lenta. Basicamente, colocou algumas famílias em casas alugadas e hotéis. Porem, é pouco, muito pouco. Esperamos que, a partir de agora, isso seja feito de forma mais efetiva”.

Com apenas 32 anos, o promotor que já foi delegado de polícia, atua nas áreas de direitos humanos, apoio comunitário, consumidor, ordem econômica e tributária, criminal e execução penal. Para Meneghin, a tragédia é o maior desafio da carreira. “É um evento catastrófico. Nunca tive que lidar com uma situação tão dramática”, diz ele, que garante ir até o fim para apontar os culpados.

Recentemente, ao fazer uma inspeção no presídio regional de Mariana, o promotor solicitou um levantamento dos 150 detentos. Ao perceber que nenhum dos homens atrás das grades era de Bento Rodrigues, foi mais além e descobriu que os moradores da comunidade destruída não tinham passagens pela polícia.

“Casos de furtos, às vezes tráfico, e até homicídios são comuns entre os demais distritos de Mariana, mas não há nada de Bento. O próprio diretor da cadeia disse que não lembra de nenhum caso. Isso só reforça que nós estamos diante de uma população do bem”, disse o promotor, que ainda acrescentou: “O pior da tragédia são as vidas perdidas, mas vale lembrar que estamos falando de pessoas que nunca deram trabalho para a Justiça e hoje vivem esta triste situação”.
 

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