Promotor exibe vídeos para convencer jurados da participação de Bruno em assassinato

Thais Mota* - Hoje em Dia
05/03/2013 às 15:48.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:35

O representante do Ministério Público Estadual, promotor Henry Wagner Vasconcelos, reuniu alguns vídeos que vão apresentados ao tribunal do júri na tarde desta terça-feira (4), no Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). O goleiro Bruno Fernandes mudou de lugar, assim como os advogados de defesa que acompanham o julgamento, para assistir aos vídeos apresentados pela promotoria. O réu permaneceu quase o tempo todo de cabeça baixa como no primeiro dia de julgamento. Dayanne Rodrigues também mudou de lugar e acompanha os vídeos ao lado do atleta.
O primeiro vídeo exibido foi uma gravação feita por Eliza Samudio e divulgada pelo portal carioca "Extra". Nestas imagens, a ex-modelo alega que foi agredida pelo ex-goleiro e ameaçada caso não tirasse o bebê que estava esperando do Bruno.   Além disso, foi exibida ainda a primeira reportagem que levantava a possibilidade de que Eliza estaria morta. A entrevista concedida por um tio de Jorge Luiz Rosa à rádio Tupi, no Rio de Janeiro, contava que o menor teria participado do crime e que a ex-modelo teria sido assassinada em Minas Gerais. Durante a exibição da reportagem,  Sônia Fátima Moura,  mãe da Eliza, começou a chorar e deixou o plenário amparada de sua advogada. 

Depois foram mostradas outras matérias de emissoras de TV na epóca do desaparecimento de Eliza, entre elas uma outra entrevista transmitida no programa Balanço Geral, da TV Record, com o tio e o irmão do menor relatando detalhes de como aconteceu o sumiço da ex-amante de Bruno.    O tio disse que Jorge Luiz teria pedido ajuda porque não estava aguentando conviver com as imagens da morte de Eliza, que não paravam de vir à sua cabeça. Além disso, o parente contou que seu sobrinho disse que Bruno não sabia o que tinha acontecido com Eliza.

Uma reportagem exibida no programa Fantástico, da Rede Globo, também na época dos fatos, foi passada durante o julgamento. A matéria tem imagens do goleiro contando como conheceu Eliza e desqualificando-a. Desde então o goleiro não falou mais com a imprensa.   Nestas imagens, Bruno diz que pediu que Luiz Henrique Ferreira Romão, o "Macarrão" procurasse a ex-amante para negociar um acordo. Além disso, ele disse que se ficasse provado que Bruninho era mesmo seu filho ele estaria disposto a assumí-lo.    A reportagem, porém, demonstra que o acordo financeiro realizado entre Eliza e "Macarrão" não estaria indo muito bem. Utilizando o apelido "Fácil é julgar", a ex-modelo postava mensagens na internet reclamando que o dinheiro do goleiro não estava sendo depositado e se queixava porque a criança não tinha plano de saúde.

A promotoria exibiu ainda imagens de uma reconstituição do crime realizada no sítio do goleiro Bruno em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A reconstituição contou com a participação do primo do goleiro, Sérgio Rosa Sales, assassinado em agosto do ano passado.

Emoção   Durante a exibição dos vídeos, principalmente quando aparece imagens de Sérgio, Bruno chora bastante. Além disso, o goleiro abaixa a cabeça todas as ezes que Eliza aparece nos vídeos.

Ainda nos vídeos da reconstituição, Sérgio apontou o local onde as malas de Eliza Samudio foram queimadas, na noite em que a modelo foi assassinada, e disse que ouviu o goleiro xingar "Macarrão" e Jorge. Ele disse, ainda, que desconfiou que a modelo tinha sido morta porque ela saiu em um carro com "Macarrão" e "Jorge" e não voltou mais, além disso, porque as malas dela foram destruídas. Ainda segundo Sérgio, Jorge foi quem lhe contou detalhes sobre o crime, enquanto Bruno parecia preocupado e não comentou nada sobre o assunto.

Uma entrevista com o "Macarrão" também foi exibida durante a sessão. Condenado a 15 anos de prisão, o braço-direito de Bruno garantiu ter sofrido constrangimento por parte de agentes penitenciários que o chamavam de "bicha" e pediam para que ele mostrasse uma tatuagem feita em homenagem ao goleiro, motivo que o levou a denunciar os funcionários do sistema prisional.   Nesta entrevista, "Macarrão" disse que estava sofrendo de depressão e um médico que o atendeu receitou medicamentos antidepressivos. Além disso, o deputado estadual Durval Ângelo aparece no vídeo tentando aconselhá-lo a contar tudo o que sabia e oferecendo ajuda ao preso através de um acompanhamento psicológico e psiquiátrico dentro do presídio.

Visivelmente abatida dona Sônia Fátima de Moura, mãe de Eliza Samudio, retornou por volta de 17h40 ao plenário do Fórum de Contagem. Segundo a advogada Maria Lucia Borges Gomes, sua cliente teve uma queda de pressão ao ver imagens da filha denunciando ameaças do goleiro Bruno.    Ainda segundo a defensora, Sônia de Fátima teria vomitado um pouco, mas já foi medicada. Ela ficou mais de uma hora fora do tribunal do júri.
O promotor Henry Wagner mostrou ainda um vídeo onde o acusado de assassinar a ex-babá Graziele Beatriz Leal de Souza, o detento cadeirante Cláudio Marcos Maciel, garante que não matou a mulher e que ela teria sido morta a mando do goleiro Bruno.    Segundo o preso, a babá que cuidou do filho de Eliza Samudio, após seu desaparecimento, sabia demais e por isso foi morta. Ele garantiu não ter participação no crime e disse que só foi acusado porque a irmã da vítima tinha uma dívida com ele.    O detento levantou ainda a hipótese de que a morte de Sérgio Rosa Sales, primo do goleiro assassinado em agosto de 2012, tenha sido queima de arquivo. No entanto, durante as investigações, a Polícia Civil descartou esta possibilidade e garantiu que o jovem foi morto porque se envolveu com uma mulher casada. Mas o presidiário reforça que o primo do goleiro sabia demais e acredita que ele tenha sido executado a mando de Bruno.   Por fim, a promotoria passou a entrevista concedida recentemente pelo primo de Bruno, Jorge Luiza Rosa, ao programa Fantástico. Nestas imagens, o jovem negou a primeira versão dada por ele mesmo à Polícia Civil durante as investigações e atribuiu a responsabilidade pelo crime a "Macarrão". Além disso, Jorge se contradisse ao afirmar, primeiro que o goleiro não sabia de nada, e depois que não tinha como ele não saber dos planos de seu breço-direito. Entenda o caso   Eliza Samudio está desaparecida desde o dia 4 de junho de 2010, quando fez um último contato telefônico com uma amiga. Segundo a polícia, ela foi morta e teve seu corpo esquartejado. No entanto, os restos mortais da ex-modelo não foram localizados até hoje.    Acusado de homicídio triplamente quaificado, sequestro, cárcere privado e ocultação de cadáver, o goleiro Bruno está sendo julgado esta semana. Segundo a acusação, o atleta seria mandante do crime. Além dele, está sendo julgada também sua ex-mulher Dayanne Rodrigues, que responde por sequestreo e cárcere privado.   O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola", é acusado de matar Eliza Samudio. Ele responde pelos crimes de homicídio duplamente qualificado, sequestro, cárcere privado e ocultação de cadáver. O julgamento de "Bola" está marcado para ocorrer no dia 22 de abril.   O ex-policial, o goleiro Bruno e sua ex-mulher Dayanne Rodrigues tiveram o processo desmembrado durante o júri popular que ocorreu de 19 a 23 de novembro do ano passado, no Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem. Na ocasião, apenas Luiz Henrique Romão, o "Macarrão", e Fernanda Gomes Castro, ex-namorada de Bruno, foram julgados. Macarrão foi sentenciado a 15 anos de prisão e Fernanda a cinco no regime aberto.   Além deles, ainda serão julgados o ex-caseiro do sítio de Bruno, Elenilson Vítor da Silva e o motorista do atleta, Wemerson Marques de Souza, o "Coxinha". Os réus respondem por sequestro e cárcere privado e devem ser julgados em 15 de maio.


Atualizada às 18h09

*Com informações de Pedro Rotterdan

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