Prorrogação da redução do IPI aumenta vendas de material de construção

Jornal O Norte
18/04/2010 às 21:12.
Atualizado em 15/11/2021 às 06:26

Janaína Gonçalves


Repórter

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou nesta quinta-feira a prorrogação da isenção do IPI - Imposto sobre produto industrializado para o setor de material de construção. O benefício, que deveria acabar em junho, vai até o fim do ano. Segundo o ministro, foi necessário estender a medida pelo fato de este tipo de produto ter um ciclo de compra mais longo.

Em Montes Claros, os proprietários de loja de construção civil comemoram a extensão do benefício.

- O comércio já está aquecido, uma vez que o número de construções na cidade aumentou, inclusive com o processo de verticalização.  A espera é de que haja um acréscimo de 10% nas vendas - afirma Antonio Eustáquio Cardoso, da Construnorte Ltda.

Para ele, os produtos básicos, como cimento, areia de reboco, tijolos, brita e ferro, vão permanecer em baixa de até 4% com a permanência da redução do IPI.

- Além dos preços mais baixos, as facilidades na hora da compra garantem o diferencial no comércio. Aqui as vendas podem ser feitas em até 6 vezes no cartão de crédito ou 3 vezes no cheque - diz.

A prorrogação provocará impacto de R$ 723 milhões nos cofres públicos entre julho e dezembro. A estimativa foi divulgada pela receita federal. Quem aproveitou a redução foi a dona de casa Leonor David Rodrigues, de 73 anos, do bairro São José.

XU MEDEIROS


O pedreiro Webson Sena afirma que um dia de trabalho sai em torno de R$50,00.

- Antes de se pensar em IPI, é preciso fazer uma pesquisa de preço, porque varia. Um exemplo é o cimento, que pode ser encontrado de R$17 a R$19 - afirma.

A redução favorece também os profissionais da construção civil.

- Estou há quatro anos no ramo e, desde então, não tem faltado serviço. A jornada diária de um pedreiro varia de R$50 a R$55 - diz Webson Sena.

Já para Sidney Pereira de Souto, que trabalha com acabamento, com a queda do IPI as pessoas estão construindo mais e isso ajuda os  profissionais da área.

Pedreiro de acabamento, Sidney Pereira de Souto diz que o IPI proporciona aumento do seu trabalho.

DADOS

De acordo com a Receita, o impacto ocorrerá apenas se as alíquotas forem mantidas. Atualmente, a maioria dos materiais de construção está com o imposto zerado, mas alguns itens ainda pagam alíquotas que variam de 2% a 10%.

Caso a estimativa se confirme, o governo deixará de arrecadar R$ 1,409 bilhão em 2010 por causa da desoneração para o setor. Isso porque o incentivo fiscal provocará perda de R$ 686 milhões no primeiro semestre.

De acordo com o ministério da Fazenda, o aumento da demanda com a perspectiva de fim do incentivo fiscal acarretava o risco de pressionar para cima os preços do setor. Além disso, os materiais de construção, na avaliação do ministério, podem ser considerados mais bens de capital (usados na produção) do que de consumo.

Desde abril do ano passado, os materiais de construção estão com IPI reduzido. Para a maioria dos produtos, a alíquota foi zerada. A medida foi tomada como ação de estímulo à produção em meio à crise econômica.

Esta não foi a primeira vez que o governo estendeu incentivos fiscais neste ano. A desoneração para os móveis e painéis de madeira, que acabaria em março, foi prorrogada indefinidamente. As alíquotas, que estavam zeradas desde novembro, foram elevadas para a metade dos níveis anteriores.

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