Protestos bem-vindos que tiram políticos da zona de conforto

Hoje em Dia
12/07/2013 às 06:18.
Atualizado em 20/11/2021 às 19:59

O Brasil viveu na quinta-feira (11) mais um dia de pouca produtividade no trabalho, por causa da paralisação convocada pelas centrais sindicais em defesa de algumas reivindicações, entre as quais se destaca a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais sem perda no salário. Essa é uma pretensão razoável, tendo em vista o estágio atual da tecnologia. É possível produzir mais empregando menos trabalhadores.

Por outro lado, se a reivindicação fosse atendida de forma isolada pelo Brasil, ao invés de garantir ou aumentar empregos como desejam as centrais sindicais, pode reduzi-los por causa da competição entre países num mercado globalizado. Ficará mais difícil para as indústrias brasileiras competirem, por exemplo, com as chinesas que exploram desenfreadamente sua mão de obra. É o tipo da questão que precisa ser discutida em fóruns internacionais.

Há outras reivindicações que devem ser examinadas com atenção pelo governo e pelo Congresso Nacional, como a reforma agrária, a precariedade do trabalho terceirizado, as dificuldades enfrentadas pelo trabalhador para se aposentar e, pelos que já estão aposentados, para sobreviverem. Os dirigentes devem cuidar também para que os brasileiros tenham um transporte público de qualidade. Não por acaso, este foi um dos alvos das manifestações desta quinta-feira.

O metrô de Belo Horizonte ficou parado quinta, na maior parte do dia, apesar da liminar concedida pela Justiça do Trabalho determinando que metade dos trens circulasse nos horários de maior demanda. Boa parte dos 240 mil usuários do metrô não tiveram alternativa para ir ou voltar ao trabalho, porque manifestantes impediram a circulação normal dos ônibus. A Praça 7 voltou a ser ocupada por manifestantes, atrapalhando o trânsito no centro da capital mineira. Foram registrados bloqueios em dezenas de pontos de rodovias na maioria dos estados. Ao contrário de manifestações anteriores, o protesto não foi marcado pela violência.

Embora afetem a produção e o direito dos cidadãos de se locomoverem, as manifestações têm um lado positivo: elas vêm arrancando os políticos de sua zona de conforto. Algumas decisões tomadas nos últimos dias por senadores, deputados federais e estaduais, por vereadores, prefeitos e governadores, indicam que estão mais atentos às necessidades da população, não apenas aos próprios interesses.
 

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