Protestos marcam enterro de publicitário morto por PMs

Isadora Peron
20/07/2012 às 12:15.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:42

O enterro do publicitário Ricardo Prudente de Aquino, de 39 anos, realizado às 10h desta sexta-feira no Cemitério Gethsemani, na Vila Sônia, zona sul da cidade, foi marcado por protestos de parentes e amigos pela forma com a qual ele foi morto. Aquino foi baleado por policiais militares na noite de quarta-feira, no Alto de Pinheiros, zona oeste da capital, após supostamente ter fugido de uma blitz.

"Que a sua morte não tenha sido em vão", disse a mãe do publicitário, a empresária Carmen Sacramento, no momento em que o filho era sepultado. "Faça-se justiça, faça-se segurança. Nossos filhos precisam de um mundo melhor", desabafou. "Eu tenho netos, crianças que ainda estão crescendo. Nós não temos segurança nenhuma, temos medo da polícia", disse.

O pai da vítima, José Rubens Prudente de Aquino, também pediu justiça. Ele culpou o governo do Estado e a Secretaria Estadual de Segurança Pública pela morte do filho. "Não se pode ter alguém tão incompetente em uma administração", disse. Eles (o governo) botam pessoas que não estão à altura da obrigação que lhes é atribuída, gente que não tem preparo". Amigos e parentes do publicitário disseram que pretendem iniciar um campanha contra a impunidade.

Pouco antes do enterro, os presentes fizeram uma homenagem ao publicitário, colocando bandeiras com mensagens de despedida ao redor do túmulo. Elas foram dispostas em formato de coração.

Equívoco

O publicitário Ricardo Prudente de Aquino foi morto depois de uma abordagem equivocada de três policiais militares, na Avenida das Corujas, próximo à Praça do Pôr-do-Sol. De acordo com a PM, o publicitário foi baleado porque os homens confundiram o celular que carregava com uma arma. A Polícia, que se desculpou com a família da vítima, afirma que ele deixou de parar em uma blitz, motivo pelo qual foi perseguido.

Aquino não tinha antecedentes criminais e não foram encontradas armas em seu Ford Fiesta - apenas 50 gramas de maconha. Os três policiais envolvidos na ação, com idades entre 26 e 30 anos, foram presos em flagrante e levados ao Presídio Militar Romão Gomes, no Tremembé, zona norte da capital. Eles responderão por homicídio doloso - com intenção de matar. O caso foi registrado no 14º DP (Pinheiros).
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