SÃO PAULO- O Chile comemora nesta quarta-feira (11) os 40 anos do golpe de Estado que instaurou a ditadura de Augusto Pinochet, data que levou a sociedade a fazer uma profunda revisão de sua história, buscando superar traumas.
O evento foi precedido por revoltas nos subúrbios de Santiago, antigos redutos de oposição à ditadura, onde os manifestantes ergueram barricadas e entraram em confronto com a polícia, deixando pelo menos 68 detidos e cinco veículos queimados.
Os protestos são tradição nesta data, quando em bairros pobres de Santiago os moradores se permitem expressar o seu descontentamento, mas também saquear lojas, em uma mistura de protesto político e delinquência.
Os incidentes começaram na noite anterior e duraram até o amanhecer em 10 bairros de Santiago, onde houve confronto com a polícia. No bairro central de Providencia, um motorista de transporte público impediu uma tentativa de queimar o veículo com passageiros a bordo.
Os tumultos, entretanto, até agora têm sido menos intensos do que o esperado pelo governo, que implementou um plano especial de vigilância que inclui a presença de 8 mil policiais. Os resultados têm sido muito positivos em relação ao que era esperado, disse o ministro do Interior e Segurança, Andrés Chadwick, ao fazer um relatório inicial. Os chilenos estão desenvolvendo todas as suas atividades de forma completamente normal, disse ele.
Estudantes chilenos começaram seus protestos há dois anos para acabar com o sistema educacional introduzido por Pinochet, exigindo educação pública, gratuita e similar à oferecida pelo governo de Allende, o que também motivou reivindicações de outros setores sociais. Allende teria ficado orgulhoso de ver os alunos na rua, exigindo educação gratuita de qualidade, disse hoje sua filha Isabel, senadora do Partido Socialista, durante uma cerimônia realizada em frente a uma estátua em homenagem ao seu pai.