(Google Maps/Reprodução)
Em 17 dos 853 municípios mineiros não haverá briga pelo cargo de prefeito nas eleições de novembro. Apenas uma chapa foi registrada e, de acordo com a legislação eleitoral, para garantir o posto basta um único voto. Na grande maioria desses municípios, quem já ocupa o cargo vai em busca da reeleição. E encara a oportunidade como uma responsabilidade redobrada.
Caso de Edson de Souza Vilela (PSB), prefeito de Carmo do Cajuru, com cerca de 23 mil habitantes, na região Centro-Oeste. O arquiteto e urbanista credita ao trabalho na atual gestão à condição de candidato único.
“Acredito que isso mostra que nós soubemos administrar a cidade. Mesmo com desafios como o bloqueio de recursos pelo governo do Estado e a pandemia, demos conta de gerir o município. A eleição será para nós um referendo, certamente a população quer que façamos ainda mais, e não podemos deixar a peteca cair, esse será o espírito. Acredito que 2021 será um ano muito difícil por conta do que estamos vivendo, e esse será um desafio”, avalia.
Apoio total
Situação semelhante à de Ibitiúra de Minas, no Sul do Estado, com cerca de 3.400 moradores. Alexandre de Cássio Borges (Pros) não só não tem adversários, como vai contar com algo inédito: todos os candidatos a vereador são integrantes da chapa dele, que conta ainda com o PSB. Entre esses haverá disputa, já que há mais nomes do que vagas na Câmara, mas o apoio para os próximos quatro anos de governo já está assegurado.
“A população e as forças políticas da cidade entenderam que não tem por quê mudar. Até mesmo a oposição enxergou isso. Eu agradeço essa confiança e espero retribuí-la com mais afinco e resultados”.
Para o cientista político Carlos Ranulfo, da UFMG, o fenômeno sugere uma convergência de forças e um cenário que desencoraja a oposição a se aventurar na disputa. “Não há, nestes casos, competição política. A população se mostra satisfeita com o desempenho da administração municipal e sinaliza que esse é o melhor cenário”.
Mas esta não é a única explicação, na visão do professor de Direito da Faculdade Promove João Ricardo Sobrinho. “Cada caso é um caso. Existe o candidato unânime, que não desperta concorrência; tem a cidade onde as pessoas perderam tanto o interesse pela política que não querem se candidatar; e também municípios onde a mesma família está no poder há gerações”, diz. Em qualquer situação, avalia, a democracia sai perdendo. “Não há possibilidade de escolha nem de renovação”.
Quem também lamenta o cenário é o doutor em Ciência Política e professor da PUC Minas Malco Camargos. “A ausência de oposição significa a situação fazer o mínimo para ganhar. E fazer o mínimo não é o que se espera de uma democracia”.
(*) Com Ana Paula Lima