Psicultura ganha mais espaço entre as atividades praticadas pelo produtor rural

Valéria Esteves


Repórter

A produção de peixes em cativeiros no Norte de Minas tem cada vez mais se firmado e a atividade tem sido de grande valia para o rendimento familiar na região. Depois da criação do Programa de arranjos produtivos locais da Codevasf- Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba muitos produtores rurais começaram a ter na piscicultura além de conhecimento sobre outra cultura, incentivo para sair da monocultura seja ela da bananicultura ou das demais atividades.

A filetagem dos peixes é feita pelos próprios produtores

Milhares de alevinos são levados para povoar os rios, barragens e lagos da região, sendo que a produção dos mesmos é feita manualmente pelos doutores da vida da Estação de piscicultura do Gorutuba da Companhia. 

Ainda em 2005 mais de duas mil e quinhentas famílias produziam em média duas toneladas de pescado por ano oriundas dos municípios de Pedras de Maria da Cruz, Pai Pedro, Matias Cardoso, Manga, Januária, Itacarambi, Gameleira, Janaúba, entre outros. Como já dito, os alevinos são induzidos, procriados na estação de piscicultura do Gorutuba, pelo engenheiro de pesca, Antônio Tessori e por sua equipe, que capturam para cunhos científicos peixes nativos nas barragens, para a retirada dos óvulos das fêmeas e pelo sêmen dos machos. O objetivo disso tudo é devolver a vida para lagos, barragens e rios.

Com uma produção ativa, a estação de piscicultura induz apenas 30% de sua capacidade de reprodução, mesmo porque são muitas larvas que os tanques da estação não poderiam atender.

Conforme um dos engenheiros de pesca da Codevasf Jackson Rosa, o propósito é colocar a larva no lugar dos alevinos nos rios, para que a reprodução se dê naturalmente e tenha maiores chances de vingar. Dentro do programa de piscicultura estão em processo de capacitação cerca de 127 pescadores que estão atentos à criação de peixes nos tanques-rede localizados em seus municípios. Como estratégia, os tanques são instalados no Rio São Francisco, na barragem de Gameleira e no Rio Gorutuba. Cada unidade produz em média 24 toneladas.

APLICAÇÃO DOS RECURSOS

Já foram aplicados com nos arranjos produtivos, conforme a Codevasf cerca de R$ 4,5 milhões incluindo os núcleos produtivos dos segmentos da apicultura, ovinocaprinocultura, aqüicultura, fruticultura e apoio ao programa do biodiesel. Para este ano estão previstos investimentos de mais de R$1,200 milhão.

A aplicação desses recursos, segundo Anderson Chaves, superintendente da Codevasf  em Minas Gerais, está permitindo que  mais de 500 pequenos  produtores rurais dos  16 municípios que compõem a  região da Serra Geral, sejam beneficiados com esse programa do  governo Federal.

- Com esse trabalho a Codevasf vem se destacando como um dos principais agentes de desenvolvimento social e econômico daquela região. Entre as atividades desenvolvidas nesse programa, estão a implantação de projetos de produção de tilápia em canais do Perímetro de Irrigação Jaíba. Capacitação de mais de seis mil jovens, nas áreas de artesanato, piscicultura, apicultura e caprinocultura; implantação de projetos de criação de peixes em tanques rede e a implantação de uma unidade de beneficiamento do pescado. No apoio aos apicultores da região foram construídas duas unidades de processamento de mel diz o superintendente.  

Na implantação desse programa, a Companhia conta com a participação de toda a sociedade, passando principalmente pelas associações comunitárias de pequenos produtores rurais e secretarias municipais de agricultura, que fazem todo o trabalho inicial de campo e seleção dos beneficiados. Com essa conjugação de esforços para o bom aproveitamento e otimização dos APL‘s, a Codevasf acredita estar proporcionando todo o apoio necessário para a melhoria da qualidade de vida de pequeno produtor rural da região da Serra Geral, conclui Anderson Chaves.

QUARESMA

Nesse tempo de quaresma e mais: com a proximidade da sexta-feira santa que para muitos fiéis é o dia da morte de Jesus Cristo, a venda de peixes é grande e por tal motivo, já há alguns anos, uma associação de produtores, que agora são piscicultores também, mantêm um ponto de venda de peixes todos os sábados no mercado municipal de Janaúba. O resultado tem sido bom, segundo os sócios que se alegram em comercializar todo o pescado em pouco tempo num mesmo dia, especialmente na semana santa.

CAPACITAÇÃO

Muitos ribeirinhos foram capacitados a trabalhar com peixes em tanques rede espalhados ou pelo rio São Francisco, Gorutuba( vide barragem Bico da Pedra) ou em canais de irrigação como acontece no Projeto Jaíba. A capacitação de mão-de-obra ensina desde o manejo até a filetagem dos peixes. Vale lembrar que a espécie mais produzida é a tilápia tailandesa.

Os mais de 127 pescadores capacitados nos últimos tempos aprenderam tudo sobre a criação de peixes e sobre como gerar emprego e renda para suas famílias, principal meta da Codevasf.

Ao todo são 14 tanques-rede adaptados para a capacitação dos pescadores, o que dá em torno de 10 pescadores por tanque. Durante todo o ciclo de procriação, que dura seis meses, os pescadores dividem as tarefas, sendo que a principal delas é manter os peixes vivos.

As últimas safras, segundo a Codevasf, retiradas dos APLS foi de aproximadamente 5,5 toneladas. A intenção da companhia também é incentivar o associativismo entre os pescadores, que já podem contar com financiamento de agentes financeiros como os bancos do Nordeste e do Brasil.

Essa atividade pode significar mais um ganho para a economia norte mineira, como já acontece com a fruticultura. No projeto de piscicultura, que consta de um módulo de quatro tanques-rede, o financiamento pode chegar a R$ 9 mil. Sendo que, neste caso, um pescador avalisa o outro.

- Nossa meta primordial é capacitar para depois pensar em renda, mas  orientamos os pescadores que, na piscicultura, é muito melhor trabalhar coletivamente do que isoladamente. Nossa meta é agregar valor à renda da família, afirma a Companhia.