(Myke Sena/MS)
Não bastasse o agravamento da desigualdade social causada pela pandemia, a campanha de imunização contra a Covid-19 vem sendo marcada por um desequilíbrio da cobertura vacinal entre as cidades. Em Minas, 317 municípios ainda não atingiram 80% do público-alvo com o esquema completo. O percentual é fundamental para a imunidade de rebanho.
De acordo com um levantamento realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e aspectos ligados à renda e localização geográfica explicam a disparidade. Segundo o estudo, o IDH ajuda a qualificar a desigualdade da vacinação. Desta forma, locais com baixo índice de desenvolvimento têm cobertura vacinal pior.
“Em relação à terceira dose, o grupo de municípios com IDH muito alto apresenta cerca de 10% da população imunizada, enquanto os de IDH baixo é de 2,5%”, afirma a nota técnica do painel MonitoraCovid-19.
No território mineiro, quase 40% dos 853 municípios ainda não atingiram o cenário de 80% – considerado pela Fiocruz como uma margem de segurança – dos moradores com a proteção completa. Até o último dia 9, mais de 2,4 milhões de pessoas estavam sem registro de segunda dose, segundo dados do Ministério da Saúde.
Para Unaí Tupinambás, membro do Comitê de Enfrentamento à Covid de Belo Horizonte, a situação já era esperada. “Temos que pegar essas cidades, mapear e avançar na vacinação. Ver o que está faltando e propiciar recursos”, afirmou.
Conforme a SES, uma série de ações para aumentar a cobertura vacinal da população tem sido feitas, como orientar as prefeituras a realizar busca ativa. Além disso, recomenda a realização de estratégias de vacinação em escolas e universidades, extensão do horário de funcionamento das salas de aplicação e reforço das estratégias de comunicação.
Além disso
Considerando o aspecto geográfico, o Sudeste apresenta elevado percentual da população vacinada. Por outro lado, as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste ainda apresentam áreas de baixa imunização.
“Não adianta a gente estar muito bem e o Amapá, Roraima, não. Não adianta se o Brasil está muito bem se a África também não está. Nós temos que levar todo mundo junto”, disse Unaí Tupinambás. No Brasil, apenas 16% dos municípios têm mais de 80% dos moradores com as duas doses.
Ao mesmo tempo que o país vivencia uma grande diversidade vacinal, o número de casos da variante Ômicron só aumentam. Em Minas, já são 32 ocorrências da cepa africana, 11 delas em Belo Horizonte. A prefeitura da capital, inclusive, já confirmou que há transmissão comunitária da mutação.