Infecções provocadas pela doença podem causar complicações em gestantes e puérperas. Na capital, Hospital Júlia Kubitschek (HJK) é referência nesses atendimentos
(Francis Campelo/Divulgação)
Referência no socorro a gestantes com dengue, chikungunya ou zika, o Hospital Júlia Kubitschek (HJK), em Belo Horizonte, atendeu quase cem pacientes com suspeita ou confirmação da doença nos últimos 30 dias. No Brasil, os casos de dengue em grávidas aumentaram 345,2% nas seis primeiras semanas deste ano, na comparação com o mesmo período de 2023. Médicos e autoridades reforçam os alertas às futuras mamães.
A atenção também deve ser redobrada com puérperas (mães que acabaram de dar à luz). As alterações fisiológicas próprias da gravidez podem favorecer o surgimento de quadros ainda mais graves da doença, que incluem complicações hemorrágicas e acúmulo de líquido em determinados órgãos, como no pulmão, por exemplo.
“Os sinais de alerta da dengue na gestação surgem, geralmente, entre 24 e 48 horas após diminuição do quadro febril. Podem aparecer sintomas como dificuldades respiratórias e sangramento de mucosas. Nesses casos, é imprescindível que a paciente procure atendimento médico, mesmo que já tenha sido atendida anteriormente pelo quadro de dengue”, explica Pollyanna Freire Barbosa Lima, ginecologista obstetra da maternidade do HJK.
A maioria dos casos graves se dá pelo aumento da permeabilidade vascular (passagem de substâncias do sangue para os tecidos e vice-versa). A paciente pode entrar em choque quando uma grande quantidade de plasma (componente do sangue que transporta substâncias pelo corpo) é perdida por meio do extravasamento ou sangramento.
Medicações
A ginecologista explica que gestantes que fazem uso de ácido acetilsalicílico (AAS) - indicado para o alívio sintomático de dores - devem ter ainda mais cuidado. “Na gravidez, a mulher já não pode utilizar uma série de medicamentos e, com a dengue, essa restrição aumenta mais um pouco. Gestantes com dengue não podem utilizar anti-inflamatório e anticoagulante. Algumas medicações para dor e febre são liberadas para quem não possui alergias, a critério da avaliação médica. O uso do AAS, indicado para prevenção da pré-eclâmpsia, também deve ser avaliado pelo médico”, detalha a médica.
Prevenção
As gestantes não podem receber a vacina contra a dengue por ser um imunizante com agente atenuado (vírus vivo, porém, sem capacidade de produzir a doença). Então, a prevenção deve ser redobrada. “As grávidas devem usar repelentes aprovados pela Anvisa, à base de DEET ou icaridina. Também ajuda bastante utilizar roupas que cubram braços e pernas, a fim de reduzir a área exposta e a chance de picadas pelo mosquito Aedes aegypti”, orienta a ginecologista.
Segundo a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), foi elaborado um plano de enfrentamento à dengue, que prevê a ativação de serviços de acordo com a situação epidêmica e a demanda do gestor municipal.
A maternidade do Hospital Júlia Kubitschek passou a ser referência no atendimento a gestantes suspeitas e confirmadas com dengue, chikungunya ou zika. O serviço de urgência funciona 24 horas. A unidade tem expertise no atendimento epidêmico. Durante a pandemia de covid-19, foi referência no cuidado a gestantes suspeitas ou confirmadas com a doença.
O HJK conta com 23 leitos e 51 poltronas para hidratação oral e venosa, dedicados aos casos de arboviroses. Outras unidades da Fhemig estão dando suporte nesse atendimento, como o Hospital Eduardo de Menezes, referência no atendimento a doenças infectocontagiosas, o Hospital Cristiano Machado, em Sabará, e o Hospital Infantil João Paulo II.
* Com informações da Agência Minas
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