(Eduardo Avelar )
Se existe um lugar onde podemos venerar a nossa mineiridade sem medo de nos tornarmos hereges, este lugar está nos quintais de nossas casas, verdadeiros templos do culto à boa culinária, por sua diversidade de sabores e pelo talento dos artistas dos fogões, com suas tradições e receitas.
Se os Territórios podem ser divididos e delineados por suas Identidades Gastronômicas regionais, a definição da identidade de Minas Gerais extrapola essas frugais fronteiras, que neste caso são desconstruídas por um conceito único, que nenhuma região do planeta pode reivindicar.
Não existe lugar no mundo onde um simples canteiro, uma chácara ou um simples pedacinho de terra nos fundos de casa tenha tanto valor sentimental e cultural para seu povo.
A verdadeira cozinha mineira tem suas receitas inspiradas e preservadas pelas mestras e mestres dos quintais em cada canto do estado. Os guisadinhos, preparados com angu e hortaliças não convencionais como cansanção, ora-pro-nóbis, beldroega, cariru de porco, folhas de batata doce, maria gondó, entre outras, como as tradicionais couves, taiobas, quiabos, abóboras, acompanhados de galinha, costelinha ou carne nenhuma, retratam a verdadeira cozinha mineira de todos os tempos, desde quando não se utilizavam o arroz com o angu de fubá e o feijão, fazendo as vezes do hoje insubstituível arrozinho refogado no alho.
Além desses guisadinhos, as mestras e mestres de nossos quintais produzem outras iguarias históricas com os produtos de seus terreiros, como doces e geleias de frutas, quitandas de milho, araruta e mandioca, no mais puro, tradicional e inigualável estilo mineiro.