(Marcus Desimoni/Nitro)
Depois de Sargento Rodrigues (PDT) ter declarado apoio formal à candidatura de João Leite (PSDB), o partido do deputado estadual e candidato derrotado à Prefeitura anunciou ontem estar ao lado de Alexandre Kalil (PHS).
As circunstâncias do racha na legenda são semelhantes às do PMDB, do candidato Rodrigo Pacheco, que também teve seu apoio ao tucano rechaçado pelo partido.
Na noite de ontem, a executiva estadual do PMDB deliberou que não haverá posição oficial da legenda para o segundo turno em BH. Os integrantes do partido estão liberados para apoiar João Leite ou Kalil.
Mas, na quarta-feira, os 13 deputados estaduais do PMDB rechaçaram oficialmente o apoio dado pelo presidente da legenda e vice-governador, Antônio Andrade, e pelo candidato derrotado, Rodrigo Pacheco, a João Leite. Eles divulgaram nota conjunta desautorizando o apoio da legenda ao tucano. O texto dizia que o assunto não havia sido discutido com os parlamentares e que o apoio não poderia ter sido dado por Pacheco em nome da legenda.
Divisão no PDT
Sargento Rodrigues, que é presidente municipal do PDT, fechou aliança com João Leite. Mas, segundo a presidente do PDT estadual, Sirley Soalheiro, os demais integrantes da legenda não foram ouvidos.
Uma consulta formal teria sido feita em reunião no partido envolvendo integrantes da executiva municipal e estadual. Dentre os 21 participantes, 19 votaram pelo apoio a Kalil e duas pessoas se abstiveram. “Não houve nenhum voto para João Leite. O que Sargento Rodrigues fez foi declarar um apoio individual e isolado”, afirma Sirley.
Sargento Rodrigues não participou da reunião, apesar de ter sido convocado. Segundo fontes ligadas ao PDT e ao PSDB, a aliança entre ele e João Leite já estaria fechada antes das eleições. Pelo pacto, quem fosse ao segundo turno ganharia o apoio do que ficasse fora.
Apesar da parceria de agora, no fim da década de 1990, o candidato tucano, então presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, pediu o afastamento de Rodrigues. Na época, João Leite ponderou que o “currículo policial” dele, que já tinha sido acusado de espancar frequentadores de um bar da capital, não era compatível com a comissão.
Sargento Rodrigues nega que tenha ocorrido essa divergência no passado e mantém o apoio ao tucano. “João Leite queria meu apoio e não do partido. Quem teve voto fui eu. E, como presidente do PDT municipal, mantenho meu apoio”, afirma.
A discordância entre ele e a presidente estadual do partido, diz Rodrigues, viria desde a pré-campanha. “Ela (Sirley) apoiou o candidato Délio Malheiros. Estou sendo coerente com o partido, só isso”.
“Eu nem sabia. Mas não quero apoio de cacique”, disse Alexandre Kalil, referindo-se ao apoio de Sargento Rodrigues ao adversário tucano. Apesar disso, no final, comemorou o apoio do PDT: “Ótima notícia”.
Pesquisa aponta tucano ainda com vantagem na disputa
Pesquisa divulgada ontem aponta que o deputado estadual João Leite (PSDB) consegue manter a liderança alcançada no primeiro turno das eleições em Belo Horizonte. Segundo o Instituto Paraná, o tucano tem 32,5% das intenções de voto até o momento. O empresário Alexandre Kalil (PHS) é a opção de voto para 24,6% dos eleitores entrevistados.
O número daqueles que não estão em nenhum dos dois lados é bem alto. Das 850 pessoas ouvidas, 33,8% não sabem que opção escolherão no segundo turno de votação. Outros 9,2% afirmam que não pretendem votar em ninguém.
Agenda dos candidatos
João Leite teve ontem um encontro com trabalhadores do transporte coletivo de Belo Horizonte. Uma das promessas feitas a esses trabalhadores foi de manter os trocadores nos ônibus. “Como prefeito eu impedirei a perda de empregos por parte dos cobradores”, disse. O candidato prometeu ainda que garantirá a segurança nos ônibus. “Se o motorista tiver que parar para receber dinheiro vai aumentar a insegurança no transporte”, completou.
Faz parte da plataforma do tucano a ampliação das linhas de ônibus ligando os bairros.
Kalil visitou ontem a Praça de Esportes Louis Braille, na Regional Leste. “Está todo mundo falando em fazer centro de lazer. Eu estou provando que temos e nada funciona. Os vestiários estão abandonados e falta capina”, afirma.
Quanto ao vídeo veiculado pelo Hoje em Dia em que o candidato diz a taxistas não ter a intenção de regulamentar o Uber, ele explica que algo precisa ser feito para não prejudicar os taxistas.
“Se a gente não sentar à mesa com taxistas, vamos tornar o táxi uma coisa extinta. O grande prejudicado não é o Uber, mas o motorista de táxi. Ele é fiscalizado, tem que ter carro limpo, calota. O outro não sabemos quem é”, afirmou, após negar que tenha dito que não regulamentaria o serviço.