Racismo no futebol

25/07/2018 às 06:10.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:35

O episódio envolvendo o jogador Mesut Özil, do Arsenal e da Seleção Alemã, após ter tirado uma foto com o presidente Turco, Recep Erdogan, levanta a questão de a Europa ser o Velho Mundo de sempre: com requintes de xenofobia e antissemitismo instaurados em seu seio desde o antanho.

Özil é filho de imigrantes turcos e anunciou a aposentadoria do futebol alemão na última segunda feira. Ele disse ter sido chamado de “Turco Porco” e “Turco de M...” e ainda emitiu críticas ao presidente da Federação Alemã afirmando que ele tem um “histórico de discriminação racial”.

Se o presidente da Federação Alemã, Reinhard Grindel, que também foi membro do Parlamento, tem ou não um histórico de racismo aí serão as provas que terão de ser postas à mesa por ambas as partes agredidas.

Mas não é demais relembrar que, há bem pouco tempo, Adolf Hitler, um dos líderes mais conhecidos da Alemanha, empreendeu uma campanha de segregação racial que talvez tenha sido a mais violenta de todos os tempos.

Cerca de 6 milhões de judeus foram exterminados nos campos de concentração, além de 10 mil testemunhas de Jeová perseguidas, sendo 600 mortos sob custódia do governo alemão.

Essa mancha jamais será apagada da história germânica moderna e leva qualquer filho de imigrante a se questionar, quando, ao apoiar alguma causa de sua terra natal, passa a ser achincalhado com comentários antissemitas ou xenofóbicos.

O histórico europeu condiz com esse comportamento. Dias atrás o atacante da Bélgica, Romelu Lukaku, falou sobre o drama de viver como negro naquele país em que nasceu. Ele afirmou que na Bélgica as coisas funcionam da seguinte maneira: “Se jogo bem, sou um atacante belga, se jogo mal, dizem que sou um belga com ascendência congolesa”, afirmou. Lukaku ainda foi mais fundo ao afirmar que ficaria surpreendido se conhecesse um negro da Bélgica que dissesse que nunca sofreu racismo. “Seria uma grande mentira” , disse.

Os países europeus colonizaram 70 % do mundo, seja por meio de sua imposição autoritária seja por meio de guerras religiosas, que matavam qualquer um que se opusesse ao catolicismo romano no período medieval, tudo isso “in the name of God”. 

Embora a maioria dos habitantes do continente luta para ser pacífica, não nos surpreenderia se, numa atitude velada e disfarçada de indignação, alguns deixassem claro seu conceito sobre todos aqueles que não nasceram no chamado berço da civilização. Talvez, pelo cunho emocional, o futebol seja o meio mais fácil de se demonstrar efusiva opinião.

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