(Riva Moreira)
O reajuste de 89% na tarifa do metrô de Belo Horizonte caminha para se transformar em uma batalha judicial. Uma denúncia para derrubar a medida foi protocolada ontem nos Ministérios Públicos Federal (MPF) e Estadual (MPMG) pelo Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro-MG).
De acordo com a entidade, realizar o aumento do preço de uma única vez é incabível diante de um cenário de desemprego. Para os sindicalistas, a defasagem da tarifa só poderia ser corrigida de forma lenta e gradual.
“Esse aumento não se justifica de forma alguma. Vamos reunir a categoria e fazer um grande manifesto na Estação Eldorado, na próxima sexta-feira”, disse o presidente do Sindimetro-MG, Romeu Neto.
O anúncio da medida gerou revolta entre os usuários do modal. Na tarde de ontem, a mudança que deve elevar o bilhete de R$ 1,80 para R$ 3,40 era o principal assunto entre os passageiros que passavam pela Estação Central.
Inconformados com a medida que deve entrar em vigor na sexta-feira, muitos deles questionavam a proporção do reajuste. Algumas pessoas chegaram a dizer que iriam ser obrigadas a deixar de usar o metrô porque o meio de transporte se tornaria inviável.
A auxiliar de enfermagem Flávia Cristina afirmou que o aumento de preço é injusto. “Não é razoável elevar a tarifa de uma única vez. O usuário não pode pagar pelo tempo que ficou sem reajuste. Isso é um problema da empresa, não nosso”, criticou.
Há 12 anos, a passagem do metrô não é atualizada em Belo Horizonte. De acordo com a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), o acréscimo visa recompor as perdas causadas pela inflação nesse período e equilibrar “o custo operacional e o preço pago pelo usuário”.
Cortes
Em fevereiro, a CBTU sofreu um corte de 42% na verba recebida da União. À época, a companhia chegou a afirmar que o serviço poderia ser paralisado na capital mineira diante da falta de recursos.
A possibilidade do repasse da gestão do metrô para o Estado também chegou a ser discutida, mas não se concretizou. Por nota, a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop) afirmou que já analisa mudanças que podem aliviar as consequências do reajuste para a população.
“A Setop fará todos os esforços possíveis para que o impacto para o usuário do sistema metropolitano que faz integração com o metrô, hoje em 85% do valor da tarifa, tenha o seu percentual reduzido”.
Abrangência
Além de BH, os valores também serão reajustados em Recife, onde o preço chegará a R$ 3, e em João Pessoa, Natal e Maceió, com a tarifa sendo elevada a R$ 1.
A CBTU foi procurada pela reportagem, mas não disponibilizou fonte para falar sobre a mudança. Questionada sobre a possibilidade realizar a adequação de forma gradativa, a companhia não se manifestou.
A empresa informou que os bilhetes adquiridos antes do aumento de preço valem por tempo indeterminado.