Rebeldes curdos iniciaram nesta quarta-feira uma retirada gradual da Turquia para bases no norte do Iraque, anunciou Murat Karayilan, comandante do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, por suas iniciais em curdo).
Não há detalhes sobre o tamanho do grupo. A retirada é um estágio crucial do processo de paz entre o governo turco e os rebeldes curdos, envolvidos ao longo das últimas décadas em um dos mais sangrentos conflitos do planeta.
O PKK, que luta por mais autonomia e direitos para a população curda, declarou cessar-fogo em março e concordou em retirar seus combatentes da Turquia a pedido de seu líder, Abdullah Ocalan.
Preso em uma penitenciária de segurança máxima na Turquia, Ocalan está engajado em negociações com Ancara para encerrar um conflito iniciado há quase 30 anos e que já custou dezenas de milhares de vidas.
O PKK, no entanto, rejeitou um pedido do governo turco para depor suas armas antes da retirada. Karayilan disse que o PKK não irá se desarmar enquanto a Turquia não implementar reformas democráticas que garanta mais direitos aos curdos e anistie todos os rebeldes presos, inclusive Ocalan.
Gultan Kisinak, líder de um importante partido político curdo na Turquia, disse que o primeiro grupo de combatentes começou a avançar hoje em direção à fronteira com o Iraque.
O governo turco não confirmou oficialmente o início da retirada e um porta-voz do PKK no norte do Iraque não foi localizado para comentar se os rebeldes já atravessaram a fronteira.
O vice-primeiro-ministro da Turquia, Bulent Arinc, disse, porém: "Estamos acompanhando a situação. O importante para nós é o resultado. Sentimos que estamos perto de obter resultados".
Os rebeldes têm reclamado de ações "provocativas" da Turquia, como voos de reconhecimento, construção de postos militares e movimentação de tropas, mas prometem manter a retirada mesmo assim.
Estima-se que o PKK possua entre 1.500 e 2.000 guerrilheiros dentro da Turquia, além de milhares mais radicados no norte do Iraque. A expectativa é de que a retirada seja concluída somente daqui a alguns meses. As informações são da Associated Press.
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