Rebeldes querem derrubar regime sírio pela força

AFP
17/09/2012 às 19:11.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:21

  DAMASCO - Os rebeldes na Síria se declararam determinados a derrubar o regime pela força, colocando em dúvida o êxito da missão do mediador Lakhdar Brahimi, enquanto Paris denuncia crimes sem precedentes cometidos no conflito.   Ao fim de uma missão de quatro dias em Damasco, o mediador internacional Lakhdar Brahimi se reunirá nesta segunda-feira (17) com a Liga Árabe para discutir os resultados de seus encontros com o presidente Bashar al-Assad e líderes da rebelião. Ele também participará no Cairo da primeira reunião do "grupo de contato" sobre a Síria (Irã, Egito, Turquia e Arábia Saudita), segundo um diplomata árabe.   Os insurgentes consideraram que a missão de Brahimi está fadada ao fracasso por causa da violência contínua e do bloqueio das resoluções do Conselho de Segurança da ONU.   Diante das graves violações neste conflito, que custou a vida de 27.000 pessoas em 18 meses, o presidente da comissão de inquérito da ONU sobre a Síria, o brasileiro Paulo Pinheiro, recomendou ao Conselho de Segurança "medidas apropriadas, enquanto os abusos aumentam em número, ritmo e intensidade".   Em um relatório, Pinheiro ressaltou "a gravidade das violações, abusos e crimes perpetrados" pelas forças governamentais e milícias pró-regime, assim como por "grupos anti-regime".   Segundo Paris, este relatório é "devastador para o regime e reúne provas suficientes para considerar que crimes contra a Humanidade e crimes de guerra foram cometidos em grande escala por parte do regime sírio e suas milícias".
De acordo com especialistas da ONU, uma lista confidencial de responsáveis foi elaborada, um primeiro passo para um possível.   A organização Human Rights Watch (HRW) pediu ao Conselho de Segurança que acione o Tribunal Penal Internacional (TPI).   Em Aleppo os funerais já não são contados   Nesta segunda-feira, pelo menos 64 pessoas --36 civis, 15 soldados, 13 rebeldes-- morreram em episódios de violência em todo o país, segundo um registro provisório do OSDH, organização com sede no Reino Unido e que se baseia em uma grande rede de militantes.   Em Aleppo, os combates foram travados nos arredores de prédios da Aeronáutica e de um centro de pesquisas. Os combates também foram retomados no estratégico bairro de Midane.   "Não contamos mais os enterros. As pessoas de Aleppo não têm mais como pagar os funerais", afirmou Abou Abdo, escultor de túmulos que perdeu sua esposa e quatro filhos em um bombardeio.   Apesar da violência, a imprensa oficial anunciou o início das aulas, mas segundo o Unicef, mais de 2.000 estabelecimentos escolares foram destruídos ou transformados em abrigos.   Na cidade rebelde de Azaz, desfigurada pelos ataques da aviação do regime, opositores improvisaram escolas para "formar a geração da liberdade e da dignidade que representará a Síria moderna" da era pós-Assad.   Derrubar o regime pela força   No domingo, um rebelde disse à AFP que a missão de Lakhdar Brahimi corria o risco de fracassar e que um regime que "dirige o país pela força só pode ser derrubado pela força", descartando a possibilidade de um diálogo com Damasco.   Os insurgentes afirmam que pegaram em armas para defender a população civil contra a repressão sangrenta da revolta pacífica pela saída de Bashar al-Assad, que não reconhece a contestação. A comunidade internacional continua dividida sobre uma solução para o conflito.   O chefe do Estado-Maior dos Estados Unidos, Martin Dempsey, discutiu nesta segunda-feira a crise síria com autoridades militares turcas em Ancara, enquanto o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan criticou a inação de Washington.   Teerã, outro aliado de Damasco, desmentiu o envio de guardiões da revolução (Pasdaran) à Síria, no dia seguinte a declarações do comandante dos Pasdaran em que reconhecia publicamente pela primeira vez a presença na Síria e no vizinho Líbano de membros dessa força de elite do regime iraniano.   Em uma iniciativa inédita, Beirute havia pedido explicações oficiais do Irã após esse anúncio. Teerã é o patrocinador do poderoso partido xiita Hezbollah, movimento criado pelos próprios Guardiões da Revolução em 1982 e que mantém uma forte influência sobre o governo libanês.

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por