Recife tem dia de protestos pró e contra golpe de 64

Angela Lacerda
22/03/2014 às 19:27.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:47

Com uma adesão de 25 pessoas, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade optou por não fazer caminhada pelas ruas do Recife, neste sábado à tarde. O grupo fez um ato em comemoração ao golpe de 1964, contra o regime comunista e por uma intervenção militar no País, na Praça do Derby, no centro da cidade, portando bandeiras do Brasil e estampando um cartaz com os dizeres "Meu Brasil é verde e amarelo/Sem foice e sem martelo".

Outro grupo, da mesma dimensão, integrado por black blocs e ativistas da Frente Independente de Pernambuco chegou depois à praça, durante o ato, e passou a gritar "nazistas" enquanto participantes da marcha discursavam com alto-falante alertando que o Brasil está à beira do comunismo. A partir deste momento, integralistas e skinheads que faziam parte da Marcha começaram a chamar os oponentes de "vagabundos".

"Não passará/não passará/os crimes cometidos no regime militar", respondiam os black blocs. Como em uma rinha de briga de galo, alguém fez um traço no chão indicando que quem ultrapassasse a linha estaria desrespeitando o limite de cada grupo e haveria embate.

Bem próximos, policiais militares observavam, com ordem de intervir somente se houvesse confronto ou agressão física. Por volta das 17 horas, depois de muita discussão e ameaça de confronto, a movimentação se dissolveu de forma pacífica.

Um dos organizadores da marcha no Estado, o ex-oficial do Exército, Hildernando Ferreira, 50 anos, pregou, falando pelo grupo, a necessidade de uma intervenção militar para fazer uma "limpeza" no País. Para ele, a corrupção generalizada é a causa da crise na economia, na educação, na segurança e no retorno da inflação.

"O Brasil está indo para o fundo do poço", complementou o também ex-oficial do Exército, André Luiz Menezes, para quem não houve tortura na época do regime militar. Eles também expuseram a indignação com o envio de dinheiro, pelo governo brasileiro, para Cuba. "A gente está bancando a estrutura dos outros e esquecendo da nossa", criticou Ferreira.

Simpatizante do movimento, o reserva da Polícia Militar de Pernambuco, Alfredo Galiza, afirmou que o PT e o PSOL "são comunistas de corpo e alma", mas o PSB, o PSDB e o PMDB são similares. "Fernando Henrique Cardoso e Lula são o braço direito e esquerdo da mesma ideologia", disse. "Queremos uma limpeza em todos os partidos", afirmou a professora Nadja Cunha, ex-esposa de militar.

De acordo com Ferreira, 200 pessoas confirmaram participação no ato via rede social. Para o estudante João Pedro Guerra, 19 anos, admirador do deputado federal Jair Bolsonaro (PP), a baixa adesão se deveu ao medo das pessoas de serem difamadas e chamadas de fascistas. "Muita gente se sente representada pelo movimento", afirmou.

Dois skinheads, integrantes do Carecas do Brasil/PE, distribuíram panfletos - inclusive com os policiais militares - agradecendo aos "heróis de 64 por nos livrar dos genocidas", referindo-se à revolução cubana. "Em Cuba, somente na revolução, foram mortas 11 mil pessoas por serem contra o regime comunista; no Brasil durante os 21 anos de regime, contando mortos, feridos e desaparecidos são 400. Todos estavam envolvidos com ataques terroristas, assaltos e sequestros."
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