Referências herdadas dos anos 60 e 70 revigoram a roupa de inverno

Fisgada pelo look premiere de inverno postado no Instagram das top bloggers ou pelas peças das novas coleções que começam a dar pinta em lojas físicas e virtuais, a leitora antenada está se roendo de curiosidade para saber as apostas da estação mais fria do ano. O Bela contou com a ajuda das professoras Jô Souza (coordenadora dos cursos de pós-graduação de Moda do Senac Lapa Faustolo – SP), Katy Garcia (docente do curso de Consultoria de Imagem e Estilo Pessoal da Butique de Cursos Ana Vaz), e da consultora e diretora de Moda do Fashion Snoops, Camila Toledo (#camifashiontips) para traçar um panorama da estação que vai chegar.   A constatação mais evidente é que, em tempos de crise econômica, de falta d’água e incertezas, a roupa clássica e atemporal pede passagem. É a alfaiataria que dá as diretrizes em calças, saias, casacos e na camisaria de costuras e linhas perfeitas. “Com o mercado sem perspectiva, a tendência é a consumidora comprar roupa atemporal, de maior durabilidade. A alfaiataria do inverno 2015 é reinventada na busca de uma imagem de mulher sofisticada”, esclarece Jô Souza.   Para Camila Toledo, a alfaiataria é sempre um clássico que vai do dia até a noite. “As mulheres não têm medo de apostar e de investir numa boa peça de alfaiataria”, atesta Camila, que cita a importância da saia lápis e das calças que se assemelham a pantalonas, soltas e com volume.  A marca mineira Divina Pele apostou na antiga técnica e em todos os detalhes que envolvem a clássica alfaiataria: exímia costura, recortes bem elaborados e modelagem impecável. O resultado originou sofisticados casacos e blazers; saias, macacões e vestidos de parar o trânsito. As peças foram desenvolvidas em malha, lurex, neoprene, moletom e veludo.   CONTRAPONTO   E para explicar a enxurrada de referências dos anos 70, contraponto para austeridade da alfaiataria, o universo folclórico de florestas encantadas, de caubóis e índios marca presença. O resultado, de acordo com a professora Katy, é o ressurgimento de peças amplas e de cintura alta (como a calça flare que continua com tudo), e do estilo boho presente em peças com bordados mais elaborados.   A professora Jô aposta na profusão de franjas tanto na roupa quanto em acessórios. “As franjas são recursos bastante femininos e que chegam com força em coletes, casacos, bolsas e calçados”, acrescenta. Ela também destaca a festa das cores na nova estação – bordô, rosa, marsala, verde e azul ­ para apimentar os looks em tons de marrom, caramelo, cinza e preto.   O escapismo, recurso para deixar as produções do inverno 2015 menos enfadonhas, pegou carona em outra década, a de 60. A explicação para a retomada do período, na opinião de Camila Toledo, foi a exposição “Dynamo”, que aconteceu, em 2014, no Grand Palais de Paris e que inspirou a recriação de padronagens geométricas típicas doas anos 60 nas coleções do inverno 2015.   Além disso, o uso de tecidos mais estruturados na alfaiataria ajudou a consolidar a modelagem evasê, típica da década.    TEM QUE TER NO CLOSET   Vestidos curtos, amplos, retos e em linha "A", e os famosos conjuntinhos de saia + blazer, ou vestido + calça são os queridinhos do frio.   A saia midi chega revigorada no inverno 2015 e com fenda diagonal, proponho brincadeira de esconde e revela. O recurso alonga a silhueta. Com alfaiataria na crista da onda, invista na saia lápis e em calças de alfaiataria que lembram pantalonas, soltas e com volume.   Franjas (principalmente em coletes e vestidos), transparências, assimetria e o top cropped (deixando um pedacinho de barriga de fora) continuam em alta.   O colorido também tomou conta do inverno: amarelo-lima, cinza (mesclas e lisos), preto, marinho, azul royal, vermelho-coral, off-white, rosa-chiclete e pinceladas de tons fluorescentes, assim como estampas florais, animal print, grafismos abstratos e geométricos.   Vestidos longos de manga comprida reforçam o clima boêmio e acentuam a feminilidade. Tecidos leves e encorpados emprestam equilíbrio à roupa do inverno 2015. Destaque para jacquard, chiffon, cetim, neoprene liso (desde o bicilor até o mais estruturado). Incrementam a lista: moletom, moletinho, suplex, tecidos de activewear, couro ou efeito couro, malha e tricô que imita malha.