(Bruno Cantini/Atlético)
Um baianinho, de 18 anos, tem roubado a cena no Atlético; pelo menos quando o assunto é presença nas redes sociais. Tradicional "presidente da resenha" nas categorias de base e agora buscando espaço na equipe principal, o zagueiro Ruan Marvyn, de 1,94m de altura, sonha em ser o sucessor de Leonardo Silva no clube o qual defende desde julho de 2016.
Filho de cozinheira e motorista de Uber, e um dos cinco filhos do casal, Ruan teve o nome escolhido por "pura invenção do pai", como ele mesmo conta. O Marvyn, inclusive, acabou entrando na certidão de nascimento de última hora. A caminho da maternidade, Sr. Jota ouvia no rádio do carro uma música que o fazia ver o filme da vida passar pela cabeça. "Marvin", do Titãs, foi a inspiração para o nome composto de mais um herdeiro que estava chegando.
"Nasci na Bahia, mas aos quatro anos me mudei com a minha família para São Paulo, em busca de uma vida melhor. Em Salvador o desemprego era muito grande. Cheguei ao Atlético em 2016, vindo do Flamengo, de Guarulhos. Estava sendo requisitado por outros times, mas escolhi o Galo. Passei nos testes e na terceira semana já era titular. Subi para o sub-20 em outubro do mesmo ano" conta ao Hoje em Dia.
Sobre o jeitão descontraído, dentro da Cidade do Galo e também nos perfis nas redes sociais, Ruan conta que vem do DNA de uma família brincalhona e que adora fazer piadas durante os almoços de domingo.
"Sou engraçado. Baiano, né? (risos). Sou muito criativo para essas coisas e não sei de onde tiro. Quando subi para o profissional, subi meio tímido, mas agora já estou virando o presidente da resenha. Mas isso não tira minha liderança. Quando é para ser sério, eu sei muito bem também. Na hora da descontração, pode me chamar que a risada é garantida", brinca o grandalhão.
Promovido recentemente ao time principal, mas acionado para ser o capitão da equipe Sub-20 que disputa o hexagonal final do Campeonato Mineiro, Marvyn tem como espelho o experiente Juan, do Flamengo. Segundo ele, ambos têm as mesmas características.
"Sou bem frio, bem calmo na zaga, e quase nunca me desespero. Sou bem técnico também. Dificilmente saio no chutão ou tomo cartão amarelo. Para mim é a posição mais fácil do futebol, apesar de toda responsabilidade", conta.
Feliz com a recepção dos "medalhões" do alvinegro, ele destaca o carinho que recebeu de um outro maluquinho do elenco...
"O Atlético dá oportunidade de sempre treinarmos com a equipe principal. Eu já fui algumas vezes. Não fiquei tão nervoso, mas é claro que quando você sobe em definitivo, dá um baque, um gelo. Mas os caras me receberam muito bem. Principalmente o Luan. Minha primeira viagem foi para o Sul, jogar contra o Grêmio, e em seguida fomos para São Paulo, enfrentar o Palmeiras. Ele pediu para ficar comigo no quarto. Gostei muito desta atitude dele", relata o jogador.
"Minha família foi me ver no hotel, e ele desceu e foi conversar com minha mãe e falar de mim. O Luan, sem dúvidas, é o cara que mais me recebeu e me abraçou de verdade. Não tem ninguém do grupo que não conversa comigo", acrescenta o zagueiro, que apelidou o volante Zé Welison de "Muralha", pela semelhança com o ex-goleiro do rubro-negro carioca.
Pegando Geral
Solteiro desde janeiro, quando terminou um namoro, Ruan aproveita a fase para conhecer novas mineirinhas. O sucesso de jogador profissional é tão grande, que ele afirma estar "pegando geral".
"Eu zoo pra caramba. Tenho esse lado brincalhão. Faço as meninas dar risadas e elas gostam, né? No começo do ano eu estava namorando e dei uma quietada. Aí terminei e você sabe. Vixe! Ainda mais depois que subi para o profissional. Agora estou aproveitando essa fase e tô pegando geral, mas depois vou dar uma quietada de novo", detalha, às gargalhadas.
Recentemente, o zagueiro se envolveu numa brincadeira, via Twitter, que acabou viralizando e se tornando notícia até fora do país. Na entrega das medalhas da Taça BH Sub-17, ele se apaixonou por uma das meninas contratadas pela Federação Mineira (FMF) para segurá-las. Acompanhando o duelo pela TV, Ruan desafiou os seguidores a encontrarem o perfil da moça, em troca de ingressos para o confronto contra o Internacional.
"Sobre a loira, engraçado é que eu já tinha conhecido ela numa festa de um amigo meu. Não a reconheci pela televisão e acabei fazendo aquela brincadeira. Não sabia que ia repercutir daquele jeito e até em jornal saiu. Eu tinha apenas mil seguidores e achei que o pessoal não fosse nem ver. Quando fui ver, acharam ela em três minutos e ganhei milhares de seguidores. Eu conheço até o cara que fica com ela (risos). A mãe dela, que é minha amiga, até me pediu uma camisa. O irmão dela tem 11 anos e sonha em ser jogador; dei alguns conselhos pra ele", explica.
Primeiro grande salário
Ainda sem saber como é ter os salários astronômicos do mundo da bola, Marvyn sabe que o caminho será longo e de muito trabalho. Concluir o Ensino Médio, inclusive, é meta pessoal para os próximos meses. Contudo, quando a hora de ver conta gorda chegar, ele sabe bem qual será o destino do primeiro vencimento...
"Com o meu primeiro salário grande, pretendo fazer duas coisas. A primeira é comprar uma casa em BH e trazer minha família e o segundo é abrir o restaurante da minha mãe, que é o nosso grande sonho desde que me entendo por gente", revela.
Apesar de ser provocador e cutucar o Cruzeiro, arquirrival, por meio das redes sociais, o gigante da zaga atleticana garante que tudo não passa de uma brincadeira com grandes amigos que defendem a camisa do time celeste. Na Toca, inclusive, fez amizades para a vida toda.
"Tenho amizade com muitos jogadores do Cruzeiro. Sempre que saio ou tem um churrasco, eu convido os caras. Tem o Cezinha, o Gustavo Ricci, o Lucas Soares, o próprio Cacá, que subiu para o profissional. Eles provocam um pouquinho de lá, a gente um pouquinho daqui, mas somos todos amigos", afirma.
Sucessor de Leonardo Silva
Suceder o "monstro" Leonardo Silva, como ele mesmo qualifica, é outro grande sonho de Ruan. Atacante nos tempos de várzea e artilheiro antes de ser deslocado por um treinador para o setor defensivo, o baiano garante que pode fazer a função (ofensiva e defensiva), realizada pelo atual capitão e maior zagueiro-artilheiro da história do alvinegro, de 38 anos, que deve se aposentar no fim da temporada.
"O Leonardo Silva é um monstro em todos os sentidos; ofensiva ou defensivamente. É um cara que tem me ajudado muito desde que subi. Espero fazer 10% do que ele fez pelo Atlético. Para mim está bom demais. Espero um dia, quando ele aposentar, tomar essa posição de vez", finaliza.Pedro Vale/Divulgação / N/A