Renegociação das dívidas rurais pode ser a salvação dos pequenos produtores

Jornal O Norte
18/10/2006 às 09:40.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:42

Valéria Esteves


Repórter


valeria@onorte.net

Produtores esperam que renegociação das dívidas rurais com o Banco do Nordeste seja consistente. Quem tomou empréstimo com o sistema bancário já está antenado com o que propõe a lei 11.322 do governo federal.

Para Valdeon Rodrigues, que tomou cerca de R$ 8 mil pela linha do FNE, essa é a oportunidade de suas dívidas serem ao menos diminuídas, tendo em vista que há bônus que implicam nesse fator no final das contas.

O BNB alega que a grande maioria dos financiamentos a serem renegociados com base na Lei foram concedidos pelo Banco do Nordeste e possuem valor inferior a R$ 15 mil.

Hoje Valdeon planta sementes de hortaliça e diz ter colhido cerca de 270 quilos nesse plantio que compreendeu uma área de um hectare. Lembrou que o empréstimo tomado há alguns anos com o Banco foi aplicado na produção de banana, cultura que por sinal não planta mais. Em sua opinião, boa parte dos pequenos produtores não planta como antigamente a lavoura de banana, isso porque o valor do produto sofre quedas constantes no mercado e o produtor perde muito com isso, devido ter comprado insumos agrícolas com dólar em alta.

Os agricultores ainda reclamam que o preço da energia e da água gastas na propriedade é outro gargalo ainda enfrentado mensalmente no Projeto Jaíba. Mas a nova onda do lugar é fechar contrato com empresas, geralmente gaúchas, que trabalham com sementes de hortaliças.

Há produtores que plantaram alface, jiló, (especialmente em Matias Cardoso), coentro, abóboras entre outras hortaliças que seguem viagem para outros estados onde são selecionadas e atestadas quanto a sua eficiência na germinação.

Valdeon acredita que essa tem sido a chance de o produtor ganhar dinheiro, mas confessa que é preciso investir na produção com recurso próprio, já que as empresas entram com a semente apenas. Mas o preço pago pelo quilo das sementes varia de empresa a empresa. Hoje podem ser firmados contratos que oferecem só no Jaíba a compra do produto por R$ 17 a R$ 18 ou R$ 58, em média.

Tudo depende da negociação e da empresa na qual se fecha negócio.

A empolgação dos produtores pode ser vista logo quando se fala de sementes. Há quem tenha conseguido tirar com sua produção uma média de R$ 12 a R$ 16 mil. Mas os produtores esperam cerca de dois meses para receber a quantia, já que nesse espaço de tempo as sementes estão sendo testadas.

Quando o produtor tem que entrar no negócio com recurso próprio a coisa pode mudar de figura. Daí confessa o produtor, seria interessante poder tomar empréstimo no banco na linha Pronaf, por exemplo, para ajudar no desenvolvimento de sua propriedade.

- Nós produtores daqui do Projeto estamos confiantes de que vai haver uma guinada no desenvolvimento da Etapa I e essa renegociação deve nos dar oportunidade para tomar outros empréstimos, já que com essas novas empresas chegando para o Jaíba poderemos ter a chance de produzir mais e outros produtos - diz.

BENEFÍCIOS

O superintendente Nilo Meira, do BNB para os Estados do Espírito Santo e Norte de Minas Gerais explicou que a renegociação dá tratamento diferenciado aos contratos em atraso, dependendo do valor e período em que foi contratado o financiamento, em termo de juros e de bônus de adimplência, dependendo do valor da dívida contraída.

Contratos até R$ 15 mil terão desconto de até 75% sobre o total da dívida. O produtor da região Semi-árida que contraiu dívidas de até R$ 35 mil, contratadas até 15/01/2001, também terá descontos, se quitar o valor de uma só vez. Fora do semi-árido, podem ter descontos, sob as mesmas condições.

Caso o produtor pretenda alongar a dívida, lembra, poderá efetuar o parcelamento em até 10 anos, com carência de 2 anos e juros de 3% ao ano, sem os encargos de inadimplência. Os juros de 3% ao ano referem-se apenas aos contratos de até R$ 35 mil. Acima desse valor, as taxas serão de 6%, para mini e pequenos produtores, e de 8,75% para os demais.

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