'Respeito Futebol Clube' propõe combate a homofobia, machismo e racismo nos estádios

Leandro Silveira, Maria Thereza Reis e Paula Rangel
Especial para o Hoje em Dia
23/03/2016 às 21:37.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:37
 (divulgação)

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Há muito em comum entre as declarações sexistas que provocaram a queda do diretor-executivo do Torneio de Indian Wells no início desta semana, os gritos de “bicha” disparados nos estádios brasileiros a cada tiro de meta cobrado pelo goleiro adversário e o comportamento racista de torcedores do uruguaio Nacional perante Gabriel Jesus na última partida do Palmeiras na Libertadores. Mas o principal é que esse tipo de ação machista, homofóbica e racista não passa mais despercebida perante a opinião pública.

É para debater porque esse tipo de comportamento ainda tem espaço nos estádios brasileiros, com torcedores que se sentem empoderados para destilar preconceitos sem qualquer temor de serem castigados, que foi criado o coletivo Respeito Futebol Clube, que pretende colocar em pauta a luta contra o preconceito no esporte.

Eu me lembro de uma vez que meu pai foi ao estádio com meu irmão. Ele sequer cogitou me convidar, não percebeu que eu queria muito ir”Juliana Cabral, ex-capitã da Seleção Brasileira Feminina

 O pontapé inicial do grupo foi dado na última terça-feira (22), em uma livraria do centro de São Paulo, com a realização de um debate sobre machismo, racismo e homofobia no futebol brasileiro. O evento reuniu jornalistas, torcedores, ativistas, militantes, membros de organizações e estudiosos do assunto.

 “Numa época em que o ódio e a intolerância viraram moda, o nosso desafio é transformar em moda o que deveria ser óbvio, transformar em costume o que deveria ser o permanente prazer pela mudança: a luta pela diversidade e pelo respeito ao humano”, diz o jornalista Marco Aurélio Carvalho, da EBC, um dos presentes à mesa do debate, ao lado de Mário Marra (ESPN e CBN), Renata Mendonça (Dibradoras), Wagner Prado (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo) e Ana Clara Ferrari (Prefeitura de São Paulo), além da ex-jogadora Juliana Cabral.

Ao fim do evento, foi lido um manifesto que marca a fundação do Respeito Futebol Clube, grupo questionador sobre o conceito de que o estádio é o “lugar mais democrático do mundo”, onde desconhecidos se abraçam no momento do gol, mas também onde preconceitos são propagados sob a justificativa de que a paixão cega.

Primeiros passos

O encontro e a divulgação do manifesto são apenas os primeiros passos para desconstrução desses comportamentos, aproveitando-se de um momento histórico no país onde esse tipo de ação passa a sofrer posicionamento contrário de uma parcela ativa da sociedade.

Por isso, o planejamento do Respeito Futebol Clube prevê a realização de novos debates no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. O passo seguinte é organizar encontros temáticos, com a intenção de intensificar o debate sobre a homofobia, o machismo e o racismo no futebol. A ideia é convidar pessoas de cada cidade para colocar ideias e debater, até que o movimento alcance os clubes e a população.

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