Qualquer pauta que seja apresentada para a revitalização da região do hipercentro de Belo Horizonte tem de levar em conta, obrigatoriamente, uma solução para as pessoas em situação de rua. Reconheço que se trata de tarefa árdua e de viabilização demorada, em virtude da complexidade deste problema e do impressionante número de homens, mulheres, adolescentes e crianças nas ruas da capital. Entretanto, não há outro caminho a não ser iniciar o enfrentamento a esse drama social o quanto antes, para que os resultados venham o mais rápido possível.
De acordo com dados divulgados pela PBH, temos cerca de 3 mil pessoas em situação de rua na área central da capital, número, no mínimo, assustador. Como presidente da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor da Câmara Municipal, tenho me dedicado a conhecer de modo mais profundo todos os aspectos que cercam essa tragédia que atinge tantas pessoas. Já visitei dois abrigos municipais e, nos próximos dias, visitarei outros, para fiscalizar as condições de atendimento às pessoas em situação de rua e apresentar propostas para aprimorar o acolhimento prestado pela prefeitura a esta população.
Também tenho me reunido com representantes de instituições beneficentes que buscam melhorar as condições e cuidam do atendimento à população em situação de rua, com o intuito de ouvir suas demandas e sugestões e verificar os entraves que se impõem ao bom andamento desses esforços desenvolvidos por grupos religiosos dos mais diversos credos, associações de apoio e outras entidades voltadas para o bem-estar social.
E por tudo que aprendi nos primeiros 100 dias no exercício do meu mandato como vereador e presidente da Comissão de Direitos Humanos, entendo que a revitalização do hipercentro deve se integrar ao trabalho de resgate da cidadania das pessoas em situação de rua. Temos de dar uma dimensão humana às iniciativas urbanísticas destinadas a devolver ao hipercentro de BH a sua importância e valorização.
O que proponho, em primeiro lugar, é o estabelecimento de canais permanentes de diálogo entre a PBH, a Câmara Municipal, entidades de classe como a ACMinas, a Fecomércio, a CDL e o IAB, entre outros, e representantes das instituições beneficentes. A partir dessa convergência de atuação, serão estabelecidas prioridades mais abrangentes e de maior eficácia para a revitalização da área central e a inclusão social da população em situação de rua. Essa unificação de objetivos é o melhor caminho para resolver a dramática condição desses cidadãos. Esforços esparsos e sem o estabelecimento de metas claras pouco efeito terão sobre a vida dessas pessoas.