(Opel)
GENEBRA (Suíça) – Motor 1.0 com apenas três cilindros não é novidade no Brasil. Ele existiu na década de 60, equipando a linha DKW-Vemag. Do tipo dois tempos, fumacento, barulhento, mas eficiente. Virou febre na década de 90 com o chamado “carro popular” (quatro cilindros) graças à redução do imposto para incentivar a indústria. Teve até 1.0 com compressor (Ford) e turbo (VW)... Mas o motor peca por falta de desempenho e andava meio em decadência, até que uma nova tecnologia fez brilhar novamente a estrela do 1.0 ao voltar com os tricilíndricos. Que ganhou muito em rendimento pois o cilindro a menos reduz significativamente peso e atrito. Em compensação, os engenheiros deram duro para apaziguar a inevitável vibração provocada pelo número ímpar de cilindros. No Brasil, eles chegaram inicialmente no Kia Picanto e Hyundai HB20. A primeira a fabricá-lo aqui foi a Volkswagen, que o aplica no Fox e no up! Depois foi a vez da Ford no novo Ka e, no início deste ano, a Nissan passou a produzi-lo em Rezende para equipar March e Versa. Eles chegam a desenvolver 85 cv, potência até então só obtida em motores 1.4 de quatro cilindros. Estado da arte No Salão de Genebra, a Opel (braço europeu da GM) convidou alguns jornalistas para rodar no novo compacto Adam equipado com o novíssimo 1.0 três cilindros. Um motor “estado-da-arte”, sofisticado e com produção em Joinville (SC) já confirmada pela GM Brasil. Eu já tinha testado os compactos brasileiros com motor 1.0 três cilindros. Gostei da solução de engenharia de todos. Percebe-se um ligeiro “chacoalhar” em rotações mais elevadas. Mas, não vieram vibrações, ruídos nem aspereza (NVH) no nível que se esperava de um tricilíndrico. Entre eles, talvez o Nissan seja o mais equilibrado. Mas o da Opel é surpreendente: não se percebe vibração nem ruído algum que denuncie o número impar de cilindros. Nem mesmo provocando o motor ao forçar o ponteiro do conta-giros para cima e para baixo. O desempenho é admirável: rodei na versão mais sofisticada, com injeção direta e turbo, 115 cavalos. Os comandos variáveis de admissão e escapamento contribuem para o bom torque (17,34 kgfm) que já pinta em 1.800 rpm. Pode pisar fundo o acelerador, mesmo rodando manso, em quinta ou sexta-marcha, que ele reage, não protesta e vai ganhando velocidade. Dá para jurar que são quatro cilindros sob o capô. E nenhum ruído extra para gerar pelo menos uma crítica do jornalista... Pulo do gato Rodei uns 20 km e fui conversar com um engenheiro da Opel que me explicou o “pulo do gato”: a inédita solução (neste segmento de motores) para se eliminar vibrações é a adoção de um eixo contrarrotativo. Que gira na mesma rotação mas em sentido contrário ao do virabrequim. Mesma solução no Brasil foi o cinco cilindros do Fiat Marea. O trabalho de insono-rização foi também meticuloso e até a corrente metálica (ah, que alívio não ter a famigerada correia dentada...) recebeu dentes invertidos para evitar ruídos. São três variações sobre o tema: o mais simples tem 75 cv. O mais sofisticado ganhou turbo, injeção direta e pode render 90cv ou 115 cv. Unidade será produzida na fábrica de motores em SC Sob qual capô ele desembarca no Brasil? No sucessor do Celta, a próxima grande atração da GM, com lançamento previsto para o final de 2016, se o governo Dilma não obrigar a empresa a mudar seus planos... A engenharia da GM no Brasil trabalha sobre o projeto Vauxhall Viva (ou Opel Karl), um compacto de quatro portas lançado agora na Europa. Aqui, será o carro de entrada da Chevrolet, depois de adequado às exigências do nosso mercado, aumentando, por exemplo, o porta-malas do modelo europeu. Enquanto o Opel Adam usa o motor 1.0 mais sofisticado, o Karl (filho de Opel Adam) fica com a versão mais simples, de 75 cv. Que deverá ser produzida aqui. Deve ganhar uns cavalinhos extras na versão flex e será, sem dúvida, o melhor motor da categoria. Os executivos da GM Brasil confirmam que ri melhor quem ri por último...