(Flávio Tavares)
A partir de dados de quase 300 mil análises da água, solo, rejeito e sedimento, o rio Paraopeba poderá ser recuperado, afirmou a Vale, em comunicado enviado nesta sexta-feira (22). Segundo a mineradora, a recuperação ambiental desse rio – devastado pelo rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho – depende de um conjunto de ações, como a contenção de rejeitos sólidos próximos ao local da tragédia.
A mineradora diz que está elaborando um plano para a bacia do Paraopeba, discutido com órgãos ambientais, e que realiza coletas de amostras diárias de água, solo e avaliação dos níveis de turbidez. Atualmente, são 65 pontos de monitoramento em pontos acima do local do rompimento da B1, no córrego Ferro Carvão, nos rios Paraopeba e São Francisco, nos reservatórios das usinas de Retiro Baixo e Três Marias, além de outros oito rios tributários do Paraopeba. Foram coletadas amostras de rejeitos em 30 pontos próximos à B1 (inclusive dentro da barragem) e 12 ao longo do rio.
A Vale explica que ensaios com a bactéria Vibrio fisheri evidenciaram que as condições anteriores estão sendo mantidas após a passagem da pluma, sendo não tóxico para 97% das amostras. Já em relação às análises para medir a contaminação de peixes, os resultados demonstram ausência de toxicidade para 100% das amostras coletadas, segundo a mineradora.
SOS Mata Atlântica
O comunicado da Vale é feito no mesmo dia em que a Fundação SOS Mata Atlântica afirmou que os rejeitos da barragem da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, contaminaram o rio São Francisco. A fundação afirma que, dos 12 pontos analisados do rio, nove estão em condições ruins e somente três estão regulares. A contaminação acontece, de acordo com a fundação, do Reservatório de Retiro Baixo, entre os municípios de Felixlândia e Pompéu, até o Reservatório de Três Marias, no Alto São Francisco. O laudo revela que a água está imprópria para consumo da população.
O resultado do estudo, que aponta índices de turbidez e alguns metais acima do permitido por lei, foi contestado, porém, pela Agência Nacional das Águas (ANA), pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e pelo Serviço Geológico do Brasil. Os órgãos oficiais dizem que o Velho Chico já estava contaminado antes mesmo do desastre ocorrido na cidade mineira.
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