Rio São Francisco ainda vive e distribui riquezas, apesar dos problemas ambientais

Jornal O Norte
15/06/2007 às 11:35.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:07

Valéria Esteves


Repórter


valeria@onorte.net

De quem é a culpa? Os recursos hídricos em boa parte do Brasil estão degradados e a cada dia se encontram culpados da causa. Mas como bem defendeu o ministro Geddel Lima Vieira, da Integração Nacional em coletiva em Montes Claros, a culpa é de toda sociedade e das gerações que poluíram e ainda poluem os rios.

Em vários trechos do São Francisco é possível ver bancos de areia que se formam, principalmente no período da seca, demonstração clara de que as encostas. As margens, segundo os ambientalistas, foram degradas e o desmatamento é cada vez mais constante.

Por tais motivos os ambientalistas têm brigado para que a transposição do velho Chico não aconteça, o que parece impossível, já que o exército já começou a trabalhar na causa.

Segundo o movimento Articulação Popular em Defesa do São Francisco o mapa da Ana - Agência nacional das águas, na verdade o Atlas Nordeste divulgado em dezembro do ano passado, conforme a educadora ambiental e geógrafa, Gislane Margarida Pereira afirma que se 530 obras forem realizadas construindo desde mandalas, cisternas de placas, pequenas barragens e poços tubulares o projeto de transposição não precisaria acontecer. Nesse caso seria necessário um investimento da ordem de R$ 3,4 bilhões para garantir o sustento de 1.356 cidades do semi-árido.

Ela que diz ter estudado as condições do velho Chico, de Pirapora a Penedo, faz questão de informar que sem revitalização não é possível que se faça qualquer mudança no curso do rio.

- O discurso do presidente Lula é totalmente emotivo, mas é preciso que todos saibam que o nordestino não precisa de esmolas, e sim de terras pra trabalhar. Acreditamos que faltam informações sobre como se dará essa transposição, esse projeto técnico que precisa ser explicado.

O ministro informou que pode ver com seus próprios olhos que vários trechos do rio estão deficientes e que por isso mesmo viu que é preciso investir em revitalização. Disse ter visto roubo de água e no mesmo ato ilícito, despejo de óleo diesel no rio, desvio do curso do rio no perímetro que corta Lagoa da Prata e garrafas pet e copos plásticos boiando.

- Vim conhecer as reais circunstâncias do rio para podermos aprimorar o projeto. Mas pude também perceber que o rio ainda está pungente e pode alimentar os nordestinos como deseja o presidente Lula.

ROTEIRO DE VIAGEM

Geddel Lima realizou uma viagem pelos principais pontos do São Francisco, da nascente até a foz, em Sergipe. Terça-feira, esteve em São Roque de Minas, na Serra da Canastra, onde nasce o Velho Chico. Depois foi a Lagoa da Prata, onde conheceu o ponto em que o rio foi desviado clandestinamente, por uma empresa privada. Na tarde do mesmo dia, chegou a Pirapora, onde passou a noite e enfrentou protesto contra o projeto de transposição.

Logo em seguida seguiu para Montes Claros onde novamente enfrentou protestos e realizou entrevista coletiva com a imprensa e participou de reunião com lideranças da região. Terminados os compromissos em Montes Claros seguiu rumo a Bom Jesus da Lapa, na Bahia. Lá também visita além Ibotirama, Barra, Juazeiro e Paulo Afonso. Em Pernambuco estará em Petrolina e Cabrobó. Em Sergipe visita Propriá, descendo em seguida para Alagoas, onde pernoita em Penedo. No dia seguinte, faz um sobrevôo sobre a foz do rio São Francisco, na praia do Peba, em Piaçabuçu.

SEM CESSAR

No Nordeste os protestos não cessaram. Conforme noticiou a agência Brasil, Ruben Siqueira, coordenador do projeto de articulação popular na bacia do São Francisco e membro da Comissão Pastoral da Terra na Bahia afirmou lamentar que, mesmo depois de mais de dez anos de enfrentamento da proposta, com a realização de manifestações, acampamentos e até greve de fome, o governo federal não mudou sua posição em relação ao projeto.

Segundo ele, é preciso diversificar as formas de acesso aos recursos naturais no Nordeste.

- A concentração de terras e água tem o objetivo de manipular o fenômeno natural da seca para obter uma mão-de-obra farta e barata.

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