É tempo de Copa do Mundo e, quando se considera a competição na Rússia, a ordem é secar, torcer conta, praguejar os rivais, considerando que se trata “apenas” de jogos de futebol. Não por acaso a eliminação da Alemanha foi recebida por aqui com um misto de alegria e alívio, diante das lembranças ainda fortes de um resultado que, infelizmente, não se apaga da história.
”Já vai o William dar palpite num assunto que não é a especialidade dele”, você já deve ter pensado. Só que não é bem assim. Não deixa de ser curioso que, ao menos até segunda-feira, o rival da vez seja o México, e bater a turma vestida de verde seja a ordem.
Felizmente, em se tratando dos veículos, a situação é totalmente diferente. Brasileiros e mexicanos mantêm, desde 2012, uma parceria que não será, assim, como a de Neymar e Philippe Coutinho, mas que tem trazido resultados positivos para os dois países.
Basta lembrar que, atualmente, há uma cota anual estimada em US$ 1,6 bilhão para importações bilaterais, que tem sido bastante bem usada pelas montadoras. Para ficar em alguns exemplos, atualmente Nissan Sentra e Frontier; Honda CR-V e Accord; Ford Fiesta; Chevrolet Tracker;VW Golf Variant e Jetta saem das linhas de montagem mexicanas para as concessionárias brasileiras dispensadas do famigerado imposto de importação. Bem verdade que nenhum deles é propriamente uma pechincha, mas imagine o leitor o quanto poderiam custar caso ainda fossem premiados com um tributo a mais?
Sem contar que as fábricas do país da tequila, dos tacos e da turma do Chaves abastecem boa parte do mercado norte-americano e aumentam as opções de produtos interessantes para o consumidor verde e amarelo. Tanto mais agora que Donald Trump resolveu jogar pesado com o vizinho. E não pense que não há o que mandar para lá: a Volks exporta Gol, Voyage (lá Gol Sedan), Fox/Crossfox; a Fiat manda Mobi, Strada, Palio Adventure e Uno; a Nissan embarca March e Versa, entre outros.
O mesmo, embora em outro contexto (o do Mercosul), vale para a nossa mais tradicional adversária nos campos de futebol (e onde quer que haja uma competição). Dizer que o fluxo de veículos entre Brasil e Argentina é uma mão na roda para os dois mercados é chover no molhado.
Muito embora os dois mercados tenham tantas diferenças quanto semelhanças, o gosto médio é o mesmo, e o que emplaca em um, com o perdão do trocadilho, normalmente emplaca também no outro. Nos próximos meses, aliás, as fábricas dos hermanos, todas concentradas em General Pacheco, na Província de Córdoba, reservam coisas boas para o lado de cá da fronteira. De lá sairá o trio Frontier (deixará de vir do México), Mercedes Classe X e Renault Alaskan, três picapes diferentes sob a mesma base mecânica. Também o furgão Renault Kangoo, assim como já chegam Chevrolet Cruze, Fiat Cronos e Citroën C4 Lounge, entre vários outros. Melhor deixar assim, já que, nessa Copa, ganhamos todos, sem rivalidade.