Ao acuar o presidente Michel Temer (PMDB) com 84 perguntas, a Polícia Federal colocou sobre a mesa questionamentos relativos às relações do peemedebista com seu ex-assessor especial Rodrigo Rocha Loures, ex-deputado pelo PMDB do Paraná.
"Rodrigo Rocha Loures é pessoa da estrita confiança de Vossa Excelência?", pergunta a PF.
Loures foi flagrado correndo por uma rua de São Paulo, em abril, carregando uma mala estufada de propinas da JBS - R$ 500 mil - divididos em 10 mil notas de R$ 50. Apontado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como "verdadeiro longa manus" de Temer, o ex-assessor está preso desde sábado, 3, em Brasília, por ordem do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O delegado federal Thiago Machado Delabary insistiu no relacionamento do presidente com o prisioneiro.
O policial quer saber desde quando Temer conhece o 'homem da mala'. Outra indagação se refere a uma doação que o presidente teria feito a Rocha Loures.
O delegado pergunta a Temer se ele confirma uma doação de R$ 200 mil à campanha de seu aliado à Câmara. "Quais os motivos dessa doação?"
As indagações fazem parte do inquérito da Operação Patmos, que mira Temer e Loures por corrupção passiva e obstrução de Justiça. Os investigadores suspeitam que o presidente escalou seu ex-assessor como interlocutor com a JBS para tratar dos interesses do grupo em seu governo.
A Polícia Federal também questionou o presidente sobre as razões que o levaram a receber no Palácio do Jaburu, na noite de 7 de março, o empresário Joesley Batista, da JBS - a quem o próprio Temer, em declaração pública, classificou de "conhecido falastrão".
Dias depois do estouro da Operação Patmos, em que veio a público o áudio da conversa que teve com Joesley, o presidente declarou publicamente que seu visitante no Jaburu "é um conhecido falastrão". O presidente afirmou que o áudio foi "manipulado, adulterado".
No questionamento ao presidente, a PF indaga "qual o motivo, então, para tê-lo (Joesley) recebido em sua residência, em horário não usual, em compromisso extraoficial e sem que o empresário tivesse sido devidamente cadastrado quando ingressou às instalações do Palácio".
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