No Brasil e no mundo

Ronaldo, Hulk, Aranha: relembre os muitos casos e as poucas punições por racismo no futebol

Alecsander Heinrick
esportes@hojeemdia.com.br
22/05/2023 às 16:09.
Atualizado em 22/05/2023 às 17:27
Aranha, Hulk e Ronaldo, jogadores que sofreram racismo jogando futebol (Ricardo Saibun/SantosFC - Divulgação/Zenit - Gustavo Aleixo/Cruzeiro)

Aranha, Hulk e Ronaldo, jogadores que sofreram racismo jogando futebol (Ricardo Saibun/SantosFC - Divulgação/Zenit - Gustavo Aleixo/Cruzeiro)

Os casos de racismo contra o atacante Vinícius Júnior, do Real Madrid, ganham cada vez mais notoriedade. No entanto, os ataques contra o brasileiro não são atos isolados. Outros atletas já sofreram o preconceito, muitos também na Espanha, onde joga Vini Jr. Relembre os principais:

Ronaldo
Atual gestor da SAF do Cruzeiro, Ronaldo foi atacado de forma racista em 2005, quando também atuava pelo Real Madrid. Em um jogo contra o Málaga, o Fenômeno foi ofendido quando se aproximou do banco de reservas, após ser substituído. Na ocasião, ele atirou uma garrafa d’água na direção da torcida. Nenhuma punição aconteceu.

Daniel Alves
Hoje preso acusado de estuprar uma mulher no fim de 2021, Daniel Alves é outro que sofreu racismo na Espanha. Em 2011, um torcedor do Villarreal atirou uma banana em direção ao jogador, que, em resposta, pegou a fruta e comeu. A ação do jogador rodou o mundo. O Villarreal foi punido em 12 mil euros (R$ 37,2 mil na cotação da época) e o torcedor, que foi identificado, foi banido do estádio para sempre.

Hulk
Principal jogador do Atlético, Hulk já sofreu racismo em Portugal e na Rússia. Quando atuava no Porto, escutava imitações de macaco quando pegava na bola. Um vídeo da época, durante clássico contra o Benfica, mostra torcedores atacando o atacante, que marca um golaço e deixa os racistas calados.

Já na Rússia, foi quando atuava pelo Zenit. Em um clássico contra o Spartak Moscou, Hulk afirmou ter ouvido um “grupo muito grande de torcedores” também fazendo sons de macaco para ele. A punição para o Spartak foi jogar sem apoio de seus torcedores no jogo seguinte, que foi fora de casa.

Taison
Outro brasileiro que sofreu racismo na Europa foi o atacante Taison, que disputou a Copa de 2018 pela Seleção. Quando atuava pelo Shakhtar Donetsk, ele foi atacado durante um clássico contra o Dínamo de Kiev, em 2019. Em resposta, Taison mostrou o dedo do meio e chutou uma bola em direção aos torcedores. O brasileiro foi expulso. Já o clube de Kiev foi punido em 500 mil Grívnia (equivalente a R$ 87 mil na época) e uma partida com portões fechados.

Taison se revoltou contra ataques racistas que sofreu na Ucrânia (Divulgação/Redes Sociais)

Taison se revoltou contra ataques racistas que sofreu na Ucrânia (Divulgação/Redes Sociais)

Eto’o
Não só brasileiros sofrem racismo no território espanhol. O atacante Samuel Eto’o, de Camarões, foi vítima em 2004 de torcedores de Getafe e Albacete, que não sofreram punições. Dois anos depois, foi a vez da torcida do Zaragoza atacar o atacante, que estava disposto a deixar o campo de jogo, mas foi convencido pelos companheiros e pelo árbitro a permanecer. O Zaragoza foi multado em 9 mil euros na ocasião.

NO BRASIL

Tinga
Em 2005, o meia Tinga, então no Internacional, ouviu ofensas racistas durante praticamente todo o jogo contra o Juventude. O árbitro relatou na súmula a situação e o rival foi punido em R$ 200 mil mais duas perdas de mando de campo.

Em 2014, Tinga voltou a ser alvo de racismo, dessa vez em um jogo da Libertadores, quando atuava pelo Cruzeiro. O jogo foi contra o Real Garcilaso, do Peru, e a torcida peruana também imitava macacos toda vez que o meia pegava na bola. O Garcilaso foi punido em US$ 12 mil (o equivalente a R$ 28 mil na época).

Tinga foi atacado por peruanos quando atuava pelo Cruzeiro (Denilton Dias/ VIPCOMM)

Tinga foi atacado por peruanos quando atuava pelo Cruzeiro (Denilton Dias/ VIPCOMM)

Aranha
Caso mais conhecido do futebol brasileiro, o goleiro Aranha foi chamado de “macaco”, além de outras ofensas, pela torcida do Grêmio, durante um jogo da Copa do Brasil, em 2014. O jogo foi interrompido, mas seguiu depois. No fim, o time gaúcho foi julgado e punido com a perda de três pontos, o que resultou na eliminação da competição, além de multa de R$ 54 mil.

Márcio Chagas
O árbitro Márcio Chagas foi outro do meio do futebol que recebeu ofensas, que aconteceram em duas ocasiões. Na primeira, em 2005, foi chamado de “Negrão coitado”, por Danilo Mior, treinador do Encantando, durante jogo do Campeonato Gaúcho. O técnico foi denunciado e suspenso por 60 dias.

Em 2014, Márcio Chagas voltou a sofrer ataques durante o Campeonato Gaúcho. Após o duelo entre Esportivo e Veranópolis, ele encontrou seu carro amassado e com bananas em cima, no estacionamento privativo do Esportivo, dono da casa. O clube foi punido inicialmente com a perda de nove pontos, seis mandos de campo e multa de R$ 30 mil, mas recorreu e conseguiu reduzir a pena para três pontos e R$ 60 mil.

Árbitro foi atacado de forma racista em duas oportunidades (Divulgação)

Árbitro foi atacado de forma racista em duas oportunidades (Divulgação)

Os três casos e outros 18 que aconteceram no Brasil até 2018 estão relatados no site do Observatório Racial no Futebol, entidade que agora é parceira da CBF e dos clubes na luta contra o racismo e outros preconceitos no futebol brasileiro.

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