Rotina no bairro de Chatuba ainda não foi retomada

Heloisa Aruth Sturm
12/09/2012 às 21:40.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:14

Um dia após a ocupação da Polícia Militar no bairro da Chatuba, em Mesquita, Baixada Fluminense, a rotina dos moradores ainda não havia voltado à normalidade. Nove escolas permaneceram fechadas por precaução; 3 mil alunos ficaram sem aulas. Um posto de saúde vizinho ao destacamento da PM mostrava um cartaz alegando a razão do fechamento: "hoje não terá atendimento por motivo de segurança".

Em alguns pontos do bairro quase não se via movimento, mas o comércio reabriu na maioria das ruas e a circulação de carros de som fazendo propaganda eleitoral era constante. O Ciep Nelson Cavaquinho funcionou normalmente, mas muitos alunos não compareceram à aula.

Emancipado de Nova Iguaçu em 1999, Mesquita é o mais novo município da Baixada Fluminense. Vivem ali 168 mil pessoas, 42 mil delas na Chatuba. Os moradores do bairro em que os seis adolescentes foram assassinados estão acostumados ao movimento de criminosos. "Eles ficavam pela rua com arma na mão, fazendo gracinha. Aqui sempre teve muito movimento de tráfico", disse um morador, que não quis se identificar.

Ainda assim, o assassinato de oito pessoas - os seis jovens, um pastor e de um cadete da PM - em apenas um dia destoa das curvas estatísticas. Nos primeiros sete meses do ano, a média mensal da cidade foi de 5 mortes e, no acumulado do período, 34 homicídios dolosos (com intenção de matar) e latrocínios (roubo seguido de morte) foram registrados na delegacia de Mesquita. De janeiro a julho de 2011, foram 38 mortes.

Sem estrutura

Dos 92 municípios fluminenses, Mesquita tem o 13.º pior resultado no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) - média de 4,1, ante a média estadual, de 5,1. Nas cinco escolas da Chatuba, o resultado fica abaixo da média do município.

A prefeitura informa que 98% das ruas foram "drenadas, pavimentadas e saneadas no bairro". E o tratamento de esgoto alcança todos as casas do bairro. A coleta de lixo ocorre "de duas a três vezes por semana". "É só olhar em volta para ver a beleza desse bairro", ironiza uma comerciante. "Aqui só se vê lixo, rato, e um monte de obra que começa e não termina".

O Rio Sarapuí, que sinaliza a fronteira entre os municípios de Mesquita e Nilópolis, transformou-se num esgoto a céu aberto. Nas duas margens do rio, só se veem casas semi-demolidas. "Já pedimos para canalizar o valão, mas ninguém toma providências. Em época de chuva isso aqui fica cheio de água parada."

Do outro lado do rio, já em Nilópolis, uma placa anuncia o investimento de R$ 616 mil reais na construção de uma escola de educação infantil. Embora prevista para ficar pronta no começo do ano que vem, não há sinal de qualquer obra no local.
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