Rumo ao Planalto: quatro nomes já despontam para suceder Temer em caso de cassação

Filipe Motta
fmotta@hojeemdia.com.br
26/05/2017 às 07:13.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:43

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Parte considerável da bancada mineira na Câmara dos Deputados – a segunda maior na Casa – já admite a queda do presidente Michel Temer (PMDB-SP), após os escândalos das delações de executivos da JBS e o agravamento da crise política no país. Quatro nomes já despontam para a sucessão no Planalto. Os próprios aliados do peemedebista e membros da oposição já articulam eleições indiretas, embora o discurso oficial da base de apoio do governo seja pela continuidade de Temer e, o da oposição, pela realização de Diretas Já.

“O povo não quer um mandato tampão após a queda de Temer”, afirma a deputada federal Margarida Salomão (PT-MG). “É só especulação. Há uma ampla maioria que deseja manter o presidente no cargo”, diz o vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG).

 ouviu representantes dos partidos com maior número de deputados da bancada mineira, que apontam quatro nomes para suceder Temer: o do atual ministro da Fazenda Henrique Meirelles (PSD); o do ex-presidente do STF e ex-ministro da Defesa Nelson Jobim (PMDB); do senador Tasso Jereissati (PSDB); e o do presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM). 

Nos bastidores, inclusive setores do PT sinalizam para a costura de um acordo por um nome de consenso a um mandato tampão, que faria a “pacificação nacional” até as eleições de 2018. 

Um sinal de abertura da oposição ao diálogo seria a retirada do deputado Silvio Costa (PTdoB/Avante), conhecido pelas críticas pesadas ao governo, da vice-liderança da minoria na Câmara. A decisão foi tomada ontem pelo deputado José Guimarães (PT-CE).



Problemas, no entanto, gravitam no entorno das opções apresentadas. Jobim, que foi ministro da Justiça de Fernando Henrique (PSDB) e da Defesa de Lula e Dilma, além de integrante do STF, aparece como o nome capaz de fazer a costura entre situação e oposição, bem como a ponte com o Judiciário. Porém, o banco do qual é sócio, o BTG Pactual, passou por maus momentos com a prisão do seu ex-diretor, André Esteves, no ano passado, pela “Lava-Jato”. “Além disso o escritório de Jobim advogou para muitas empresas envolvidas na ‘Lava-Jato’”, diz Júlio Delgado (PSB-MG).

Outro nome capaz de agradar a oposição, Rodrigo Maia foi eleito presidente da Câmara com apoio de setores do PT, mas também está envolvido na “Lava-Jato”, tendo sido citado em delações.

Já Meirelles, que foi presidente do Banco Central no governo Lula, e está no comando da agenda de reformas, tem contra si o peso de ter presidido o Conselho de Administração da J&F, holding da JBS. Já Tasso Jereissati , não é digerido pela oposição e parte do ‘Centrão’, apesar do apreço do empresariado. 

“Nessas circunstâncias, o ex-presidente Fernando Henrique é alguém que deve ser considerado. Tem envergadura moral para fazer a transição que precisamos”, diz Domingos Sávio (PSDB-MG). 

da PEC das diretas ser votada é mínima

A principal possibilidade considerada para a queda do presidente Temer, que tem afirmado que não renunciará, é o julgamento da sua chapa com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), previsto para o dia 6 de junho, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Com a eventual cassação da chapa, o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) assume interinamente e tem prazo de 30 dias para realizar eleições. 

A interpretação dos governistas é pela convocação de indiretas, enquanto a oposição tenta emplacar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), para eleições diretas, e também aposta em interpretações de jurisprudência do TSE para que todos os eleitores escolham um eventual novo presidente.

“Aqui não é prefeitura de interior em que um juiz define por eleições a bel- prazer. Estamos falando do Congresso Nacional e a Constituição tem regras claras”, diz Newton Cardoso Jr. (PMDB-MG), que não vê abertura para diretas.

Para a oposição, os governistas temem que a eleição direta viabilize o retorno do ex-presidente Lula que, mesmo rejeitado por parcela da classe média, tem altos índices de aprovação nas camadas populares e lidera as pesquisas.

“É preciso cautela. Não quer dizer que quem defende diretas defenda o Lula. Não posso deixar de defender diretas por causa de um nome. Inclusive tenho dificuldade de votar no Lula”, diz Júlio Delgado (PSB-MG).

Gabriel Guimarães (PT-MG) vai na linha da abertura dada pelo TSE para a realização de diretas em caso de queda do chefe do Executivo por problemas em campanha. “O último entendimento que se tem no Tribunal é o de que, se houver cassação por erros na campanha até os últimos seis meses antes do prazo das eleições regulares, devem ser convocadas eleições diretas”, defende.

Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, onde o projeto da PEC das eleições diretas tramita, Rodrigo Pacheco (PMDB) não vê chances de o projeto ser aprovado antes da eventual eleição.

“Não há tempo hábil para ser votado no Congresso. A PEC merece ser debatida, mas seria para o futuro, não para agora. Isso tem que ficar claro para a população”, afirma. Por ser do partido do presidente, Pacheco, no entanto, se recusa a comentar sobre uma eventual queda ou substituição de Temer.

O discurso de manutenção de Temer é o mesmo de Diego Andrade (PSD). “Acho precipitado o debate de queda do presidente. Criou-se uma grande instabilidade com a delação da JBS, mas temos que dar sequência à agenda de votação das reformas”, diz. O líder do seu partido na Câmara, o também mineiro Marcos Montes, no entanto, ontem declarou apoio a Maia.

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