Objetivo da mudança é atender ao público que irá às compras nos shoppings no entorno (Hoje em Dia)
Em meio aos inúmeros problemas causados pela falta de combustíveis, por conta da greve dos caminhoneiros em todo o país, os funcionários do metrô de Belo Horizonte começam uma paralisação. O serviço será prestado hoje apenas de 5h30 às 9h30. Mas, a partir de amanhã, há chance de não ser feita nenhuma viagem na capital.
O rumo do movimento será definido em uma assembleia marcada para o início da tarde. Segundo o presidente do Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro-MG), Romeu José Machado Neto, a principal reivindicação da categoria é com relação ao aumento salarial. Os profissionais pedem acréscimo de R$ 635 ao piso atual, fixado em R$ 1.610,16.
Além disso, os funcionários querem recomposição salarial de 9,59% referente a 12 meses sem reajuste, e de 7,12%, que teria sido apurado desde maio de 2011.
“Desde 2017 que tentamos negociar o reajuste, sem sucesso. Estamos um ano sem aumento e recebemos em troca uma proposta que retira até direitos adquiridos”, afirma Romeu José.
A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) se nega a pagar o retroativo desde maio do ano passado e propõe aumento de 80% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do período, o equivalente de 3,26%. Para 2018, ela quer arcar com uma alta de 50% da inflação.
A proposta patronal, segundo os metroviários, altera direitos sociais adquiridos. Um deles é a proibição de férias em período de recesso escolar. Outro ponto polêmico é a retirada do pagamento de um salário mínimo extra a cada ano trabalhado no aviso prévio, quando a demissão não é por justa causa.
Negociações
Ontem pela manhã, representantes patronais e dos trabalhadores se reuniram no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) a pedido da CBTU. A maior preocupação seria como garantir a mobilidade na capital, dentro do contexto de escassez de combustíveis.
O TRT sugeriu que os metroviários mantivessem o funcionamento do metrô também de 16h30 às 20h, para possibilitar o retorno dos trabalhadores para casa. Mas o pedido foi rejeitado em assembleia no fim da tarde.
Alternativa
Com a escala mínima do metrô prevista para hoje, pelo menos 100 mil passageiros deixarão de ser transportados, segundo estimativa do Sindimetro. Diariamente, são 210 mil usuários.
A situação forçou uma mudança de estratégia na gestão dos ônibus. Ontem, os veículos circularam normalmente apenas durante os horários de pico. No restante do dia, houve redução de 50% no número de viagens.
Mas, segundo a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), a partir de hoje, os coletivos circularão normalmente. O esperado é que a demanda seja a habitual de dia útil, de 1,4 milhão de pessoas. Questionada sobre a falta de combustível, o órgão afirma que o sistema tem a quantidade suficiente para garantir a operação dos coletivos.
Procurada, a CBTU não se manifestou sobre o assunto. O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) também não detalhou como será feito o esquema para atender o aumento da demanda com a paralisação dos metroviários.