Valéria Esteves
Repórter
Em todo lugar do Brasil, ruralistas estão a espera do fim da novela da renegociação das dívidas rurais. O prazo para o resultado final deve sair no próximo dia 10, quinta-feira, apesar de o governo federal ter dito que já chegou a seu limite em renegociar.
Conforme o presidente do Sindicato Rural de Montes Claros, Júlio Pereira, a classe havia pedido um teto de R$ 80 bilhões em renegociação, mas o governo teria pisado firme e estabelecido repactuação de aproximadamente R$ 40 bilhões. Mas nessa manhã de segunda-feira o Ministério da Fazenda informou que depois de ceder em vários pontos da pauta de reivindicações dos produtores rurais, o governo teria avisado que chegou de fato a seu limite de concessões na renegociação.
A oferta para repactuação teria que chegar aos R$ 66 bilhões do passivo do setor.
Lideranças e parlamentares ruralistas insistem, entretanto, na rolagem de todas as operações de custeio prorrogado e dos programas de investimento até 2025, na fixação das taxas de juros em 4% ao ano e na adoção de um período de carência de um ano.
Segundo nota publicada pelo valor, o Ministério da Fazenda admite dar alguns - últimos retoques na proposta que será avaliada por ministros e parlamentares. Estão em análise - soluções parciais- ao passivo de investimentos no Centro-Oeste e Rio Grande do Sul, como a concessão de mais um ano de prazo para quitação das parcelas, além dos oito anos já oferecidos ao setor. As taxas de juros não devem sofrer reduções generalizadas. E conceder prazo de carência estaria - fora de cogitação, segundo fontes do governo.
Outro assunto também em pauta são os benefícios que precisam advir do governo para melhorar a vida do homem do campo em todo território nacional. Ontem, o presidente do Sindicato Rural de Montes Claros, foi representando a Faemg para Brasília participar de reunião como membro da Comissão de assuntos para o Nordeste.
RENEGOCIAÇÕES QUE JÁ VIGORAM
No ano passado, o Mapa- ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento anunciou o acordo de renegociação de dívidas de curto prazo (desde maio de 2007) do setor agrícola – cerca de R$ 6,5 bilhões – e de abertura de crédito para os produtores rurais nos bancos oficiais, para financiamento da safra de verão 2007-2008.
Segundo o ministro, Reinhold Stephanes com essa renegociação o governo criou as condições para que os agricultores possam plantar a próxima safra e possam ter renda. Uma segunda etapa, informou, discute desde agosto uma estruturação definitiva da dívida do setor, que vem, em grande parte, do início da década de 1990. O secretário de Política Agrícola do ministério, Edilson Guimarães, estimou em cerca de R$ 131 bilhões o total dessa dívida.
Conforme a negociação, no que se refere ao custeio, as parcelas oriundas de prorrogações de safras anteriores, vencidas ou a vencer em 2007, serão prorrogadas para um ano depois do vencimento da última parcela. Por exemplo, se o produtor rural tem uma dívida a ser paga em cinco anos, 70% ou 80% do total (a depender do caso) somente serão pagos no sexto ano desde 2007.