Um dos seis sobreviventes do acidente aéreo que vitimou boa parte do elenco da Chapecoense, Alan Ruschel está de volta à sua terra natal: Nova Hartz, no Rio Grande do Sul. A felicidade por protagonizar um "milagre", como ele mesmo definiu, só não é maior pela tristeza da perda de tantos companheiros. Entre eles, um especial: o goleiro Danilo, com quem o jogador revelou que tinha uma relação muito próxima.
"Estou bem, feliz por estar vivo. É uma mistura de sentimentos, porque estou feliz por poder estar perto de quem eu gosto, vivo, poder estar andando, e ao mesmo tempo tenho aquela sensação de perda, porque perdi muitos amigos. O Danilo era um cara que eu andava para cima e para baixo. Ele e o Follmann", declarou em entrevista à TV Globo, exibida no domingo à noite.
Danilo era o goleiro titular da Chapecoense e foi um dos 71 mortos no acidente do dia 29 de novembro, quando o avião que levava a equipe para a primeira decisão da Copa Sul-Americana, contra o Atlético Nacional, caiu nas cercanias de Medellín. Alan Ruschel prometeu "honrar" o goleiro e todos os outros que "foram morar com deus".
"Sempre tem alguém que você se aproxima mais, e o Danilo era um cara que há um, dois finais de semana atrás, eu e minha noiva tínhamos ido passear com ele, com a noiva dele e o filhinho dele. E essa semana, a mulher dele colocou uma foto pedindo para eu tomar conta dela e do filhinho dela", revelou o jogador, que não segurou as lágrimas.
Ruschel também lembrou dos momentos que antecederam o acidente e considerou que sua vida foi salva por Jackson Follmann, outro dos sobreviventes. Seu companheiro, que era o goleiro reserva de Danilo, o chamou para sentar a seu lado momentos antes da queda do avião.
"Lembro que eu estava sentado no fundo, nas três últimas poltronas, e olhei para o Follmann. Ele me chama de Rato, e disse: 'Rato, senta aqui'. A gente se conhece desde 2007, então saí do meu lugar e fui sentar com ele. Ele estava salvando a minha vida", comentou.
Ruschel teve fratura vertebral, além de outras lesões menores. Chegou a correr o risco de ficar paraplégico, mas foi operado com sucesso e foi o primeiro a deixar o hospital na Colômbia, na semana passada. A evolução física é tanta, que o jogador já pensa até no retorno aos gramados.
"Pelo que conversei com os médicos, acho que volto a jogar em uns cinco, seis meses. Preciso de três meses para calcificar bem a coluna e, depois, recuperar a massa muscular. Emagreci muito, perdi nove quilos", disse.
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