Ruy Muniz: - No meu governo, vamos passar o povo pra frente

Jornal O Norte
27/08/2007 às 17:14.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:14

O deputado Ruy Muniz, pré-candidato à sucessão municipal, em 2008, está deixando o DEM - Partido Democratas, ex-PFL, sigla que integra há sete anos, para filiar-se ao PR - Partido da República, antigo PL, no próximo dia 31.

Ruy Muniz deixa os democratas sem arestas e, segundo ele, num gesto de respeito aos direitos do ex-prefeito Jairo Ataíde de pleitear disputar a sucessão municipal.




(fotos: Wilson Medeiros)

- Somos companheiros políticos. Os democratas e os republicanos marcharão juntos em algum momento das eleições de 2008 - diz ele, adiantando que pretende, com a sua proposta de gerir o município, romper com vícios políticos e maléficos ao povo para se tornar o melhor prefeito da história de Montes Claros.

- Na minha administração, acabaremos com o vício de passar o povo pra trás. Nós vamos passar o povo pra frente - diz o parlamentar, nesta entrevista concedida ao repórter Eduardo Brasil.

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O NORTE - Por que o PR?

RUY MUNIZ - O Partido da República defende um ideário democrático, de justiça social, de fomento ao empreendimento. Uma política que abre novas oportunidades para resolvermos graves problemas sociais, apoiando avanços da iniciativa privada e permitindo que o povo acompanhe essa evolução, tendo substanciais melhorias nas suas condições de vida. Temos imensa identificação com o PR e guardamos a certeza de que fizemos uma escolha certa. Esperamos, agora, congregar outras forças, de todas as tendências, compromissadas com esse ideário. Imagino que nos cercaremos deuma coligação de dez ou doze partidos nas eleições do ano que vem.

ON - Como se dá a sua saída das fileiras do Partido Democratas, após sete anos integrando a legenda, ex-PFL?

RUY MUNIZ - De uma forma extremamente tranqüila, após um relacionamento de quase uma década, marcado pelo companheirismo e pelas idéias comuns para o desenvolvimento de Montes Claros e do Norte de Minas. Tenho uma excelente relação com todos do partido, com os deputados da bancada na assembléia legislativa de Minas Gerais e no congresso nacional. Espero contar, aliás, com o apoio de vários deles, de vários outros partidos, inclusive, para o nosso projeto de administrar Montes Claros. São lideranças nacionais que engrandecerão a nossa campanha e que já sinalizaram positivamente para nossas aspirações, reconhecendo nossos valores e nossa competência para assumir os destinos de um município tão importante como o de Montes Claros. A minha saída também se dá em função do direito legítimo do ex-prefeito Jairo Ataíde de disputar as eleições pelo partido, que ele integra há mais tempo que eu. Ele revelou esse desejo e eu julguei que ele tem todo o direito de ser o candidato, sem que para isso a legenda passe por uma divergência. Não quis bater chapa com ele, provocar uma divisão no partido.

ON - Como os dois candidatos atuarão na campanha?

RUY MUNIZ - Penso que os democratas e os republicanos ainda marcharão juntos nas eleições de 2008. Se Jairo for para o segundo turno, e eu não, ele terá o meu apoio. Se eu for e ele não, ele me apoiará. Somos amigos, companheiros. A eleição ocorrerá em dois turnos e, assim, ela propicia um cenário inicial, quando vários projetos são apresentados à população. A população escolherá os dois melhorese espero que um deles seja o nosso.



ON - Por quê?

RUY MUNIZ - Porque é um projeto desenvolvimentista, de construção real de uma nova cidade de Montes Claros, com oportunidade para todos crescerem. É uma proposta de acabarmos com os vícios de uma política superada, mas ainda presente entre nós, sustentada no populismo e no assistencialismo, na máxima de passar o povo pra trás. No nosso governo, no governo do PR vamos passar o povo pra frente. Esse tambémé um projeto dos democratas, por isso não vejo dificuldades para que no futuro republicanos e democratas marchem juntos, ao lado de muitas outras legendas, em direção à prefeitura de Montes Claros.

ON - O senhor ingressa no PR e, a partir de então, assume um processo interno para amadurecer a sua pré-candidatura a prefeito. Seria precipitado, prematuro, nesta entrevista, sinalizar a respeito de um companheiro de chapa?

RUY MUNIZ - Política envolve composições, alianças e temos de procurar por isso. Certamente que o nosso candidato à vice-prefeito sairá de um outro partido, não temos a intenção de lançar uma chapa de puro-sangue, uma chapa exclusiva do PR. Existem vários nomes excelentes para uma escolha acertada. São nomes de políticos, empresários, de profissionais liberais, de lideranças expressivas com atuação exemplar em vários segmentos da nossa sociedade. Escolheremos o melhor para nosso candidato à vice-prefeito. Vamos analisar esse quadro para decidirmos com segurança e esse prazo se estende até junho do ano que vem, quando se realizam as convenções partidárias. Teremos uma chapa que se identificará com as aspirações mais verdadeiras do povo. Vamos realizar em quatro anos, obras que levariam quarenta para serem realizadas. Vamos fazer quarenta anos de progresso em apenas quatro. Digo sempre que quero ser o JK, o Juscelino Kubitschek de Montes Claros, do Norte de Minas. Ser um exemplo para o estado, para que os mineiros nos descubram e façam com que o país saiba de nós, para amadurecermos um projeto para o governo de Minas Gerais e para a República. Repito que precisamos pensar grande. Quero, é claro, ser o melhor prefeito da história de Montes Claros e para isso não teremos qualquer pessoa como candidato à vice. Ele, ou ela, enfim,o nosso candidato, o candidato do PR será uma pessoa afinada com nosso projeto de governo, e que possa nos ajudar a concretizá-lo. Que nos ajude a fazer uma grande administração.

ON - A bancada de deputados do Norte de Minas na assembléia legislativa sofrerá, inevitavelmente, reflexos da disputa em Montes Claros, uma vez que ela é composta por vários aspirantes à sucessão municipal. A bancada sobreviverá ao embate de 2008, voltará a ser coesa na defesa dos interesses regionais, como tem sido até com ineditismo?

RUY MUNIZ - Com certeza. É claro que no primeiro turno, esses reflexos se darão com mais brilho, mas não a ponto de comprometerem, ofuscarem a atuação da bancada, no período pós-eleição, na defesa dos interesses dos norte-mineiros. No segundo turno, assistiremos a uma reaproximação dessas forças, mostrando que a bancada passará incólume ao processo político eleitoral, que oficialmente consome noventa dias. A principio, para o segundo turno, esperamos o apoio de pelo menos 12 deputados estaduais e de oito deputados federais. Esses vinte parlamentares somarão conosco, defendendo nossos projetos junto ao Estado e à União.

ON - Como o senhor prevê o comportamento do governador Aécio Neves diante de tantos candidatos à sucessão municipal e que integram a sua base de apoio na assembléia legislativa?

RUY MUNIZ - Aécio Neves já adiantou que a posição dele será a de reconhecimento ao vencedor do pleito, apoiando o eventual prefeito, oriundo ou não de sua base aliada. Um comportamento exemplar para quem é uma liderança nacional. Ele me disse que vê com bons olhos esse contingente de forças expressivas na disputa em Montes Claros. Aécio Neves, enfim, terá uma posição de neutralidade e é isso que todos os candidatos naturalmente esperarão do governador.



ON - Pesquisas encomendadas por partidos, para análises internas do quadro sucessório, lhe dão uma posição de destaque, em projeções que estimam sua chegada ao segundo turno...

RUY MUNIZ - Se as eleições fossem hoje, pelo que ouvimos dizer, o eleitorado me levaria ao segundo turno...

ON - Nesse caso, o senhor aguardaria por uma migração de eleitores. A que se deveria essa migração, que espera fabulosa, para o lado do Partido da República?

RUY MUNIZ - Ao nosso projeto, ao nosso programa de governo que no primeiro turno deixaremos claro e transparente para o eleitor. Um projeto que rechaça modelos antigos de fazer política. E, sabemos disso, parte dos pretensos candidatos à sucessão municipal ainda pratica uma política ultrapassada e da qual discordamos em muitos aspectos. Penso que essas diferenças ficarão claras para o eleitor ao longo da nossa campanha. Apresentaremos um projeto bem distinto e acredito que o eleitor se identificará mais com as nossas propostas.

ON - Qual seria a razão?

RUY MUNIZ - Apresentaremos um projeto inovador, desenvolvimentista, com uma proposta clara de melhorar a vida do povo através de ações que levem as pessoas a serem competentes, a serem empreendedoras. Não podemos simplesmente dar às pessoas, às mais carentes, sobretudo, que mais necessitam da ajuda do poder público, o peixe, mas, sim, ensiná-las a pescar, dar a elas os instrumentos adequados para isso, dotá-las de experiências enriquecedoras, proporcionando meios para isso, através de um ensino de qualidade e de fácil acesso a todas as camadas sociais, promovendo o crescimento municipal, a consolidação de um mercado de trabalho atraente, paralelamente ao crescimento da qualidade de vida das pessoas. Isso é fundamental. A nossa preocupação será a de não repetirmos vícios abomináveis que se arrastam na política nacional, aboli-los, que são os vícios da política do assistencialismo, do clientelismo. Coisa antiga e que só serve para enganar as pessoas, reduzi-las, impedi-las de se desenvolverem na sua capacidade. A política que muitos consideram como uma forma de dar esmola a um povo que precisa e espera ser incentivado à educação, à valorização e qualificação de seu trabalho profissional. É um povo trabalhador e que espera pelas oportunidades que nós, o PR e os partidos que estarão conosco, ao lado do povo, iremos criar.

ON - Nesta sexta-feira, o senhor assina a sua filiação junto ao PR, numa atitude que pretende ver repetida por outros cidadãos...

RUY MUNIZ - Exatamente. Nesta sexta-feira, dia 31, estaremos assinando a nossa filiação ao PR e incentivando a população a fazer o mesmo, participando do nosso movimento de conscientização política que terá lugar no Automóvel Clube de Montes Claros, a partir das dez horas. Queremos que a população tome posições responsáveis em relação ao que o setor político em Montes Claros produz, integrando-o comomilitante partidário, ajudando concretamente na definição de metas a serem alcançadas para o nosso desenvolvimento. Quem ainda não pertence a nenhuma agremiação política e que queira se filiar a uma delas, essa será uma excelente oportunidade. O povo precisa ter posições políticas que possam garantir seus direitos. Penso que o movimentoé oportuno, deve ser aproveitado, porque todos ganham quando há uma consciência política, principalmente em um período que antecede ao de eleições tão importantes para a vida, para o futuro de cada um de nós.

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