Situação inédita na sucessão à presidência da Fundação Padre Anchieta (FPA), dois candidatos se apresentaram aos membros do Conselho Curador como aspirantes ao cargo ocupado por João Sayad, cujo mandato vence no próximo dia 13. Além de Marcos Mendonça, ex-secretário estadual de Cultura e que já presidiu a FPA (de 2003 a 2007), manifestou-se também aspirante ao posto o ex-secretário de Cultura da gestão Gilberto Kassab, Carlos Augusto Calil. Os dois se submeteram ontem (29) a uma sabatina pelos membros do conselho, para debater propostas e soluções para as emissoras de rádio e TV da FPA.
Para formalizar sua candidatura, Calil terá de ser endossado por pelo menos oito conselheiros, até a próxima segunda-feira, seis dias antes da eleição, marcada para o dia 13. Para se eleger, o candidato tem de ter ao menos 24 votos.
A dupla candidatura é anormal no âmbito da cultura porque normalmente o governador do Estado faz chegar aos membros do Conselho um nome de sua preferência e nenhum outro candidato se apresenta a partir de então. Desta feita, no entanto, o governador Geraldo Alckmin assegurou que não endossará candidatura alguma e parte do conselho, desconfortável com o retorno de Mendonça à FPA, quis procurar uma candidatura alternativa. "Eu nem sabia que o Calil era candidato", disse à reportagem o presidente do Sesc, Danilo Santos de Miranda, membro do conselho da FPA, ao deixar a sala de reuniões onde a sabatina ocorreu, ontem pela manhã, na sede da FPA, no bairro da Água Branca. "Foi um debate com perguntas duras, mas elegantemente, tudo muito civilizado, com um citando o outro o tempo todo."
Além de Miranda, a sabatina contou com mais 21 dos 47 membros do conselho, entre eles, Lygia Fagundes Telles, Jorge da Cunha Lima, João Batista de Andrade, Modesto Carvalhosa, Luís Francisco Carvalho Filho e o presidente do grupo, Belisário dos Santos Jr. "Esta é uma situação inédita, e já valeu só pelo debate, foi de muito bom nível", confirmou Belisário.
Entre os assuntos mais debatidos, esteve a busca por recursos alternativos à verba recebida do governo estadual, que anualmente deixa de R$ 70 a 80 milhões nos cofres da TV pública, e a independência editorial a ser resguardada, apesar desse repasse de verba. Houve consenso sobre a necessidade de se criar um modelo comercial que alcance identidade com a cultura, como fazia a MTV no passado - lembrou Miranda - e que não mais dê espaço a anúncios de varejo, apenas de caráter institucional. E, claro, há a questão das dívidas, do déficit de R$ 20 milhões a um contingenciamento de R$ 100 milhões. "Fechei três anos com superávit", orgulha-se Mendonça, ao citar uma razão para voltar ao posto.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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