(Rafael Ribeiro/CBF)
Domingo (8), quando chegar ao Mineirão, se dirigir ao vestiário e, em seguida, ao campo de jogo, um filme passará na cabeça de Thiago Larghi, técnico interino do Atlético. Ter a oportunidade de ser campeão mineiro pelo alvinegro, além de representar um salto na carreira, também o dará lembrança diferente no Gigante da Pampulha.
Analista de desempenho da Seleção Brasileira na Copa de 2014, Larghi vivenciou de perto o trágico 7 a 1 sofrido contra a Alemanha, nas semifinais da competição mais importante do planeta. Homem de confiança da comissão técnica naquela ocasião, ele foi o responsável por estudar o adversário e preparar o material que seria mostrado aos jogadores horas antes do duelo.
"O Thiago sempre procurou por experiências novas. Ele tem conhecimentos muito atuais e conhece muito do futebol moderno", conta o ex-técnico Carlos Alberto Parreira, tetracampeão do mundo, ao Hoje em Dia. Foi ele quem indicou Larghi a Scolari.
"A confiança nele era tão grande, que o Felipão nem conferia os vídeos que ele montava. O Thiago sabia tudo que a comissão queria e, pela competência que tem, poucas vezes precisou adicionar informações ao material", acrescenta.
No lugar certo, na hora certa
A relação entre Larghi e Parreira começou em 2008, quando o ex-técnico precisou de um profissional para montar a apresentação de suas palestras. Indicação de Jairo dos Santos -Observador técnico da Seleção Brasileira nas conquistas do tetracampeonato em 1994, e do penta, em 2002 -, o interino do Atlético, aos 27 anos, chamou a atenção pela capacidade e pela vontade de evoluir.
"O Larghi me ajudou a formatar minha palestra "Como se preparar para uma Copa". Era um rapaz muito interessado. Fizemos muitas outras e ele sempre esteve muito presente", relata Parreira.
"Antes da Copa de 2014, faltava um analista de desempenho na Seleção. A comissão estava montada e o indiquei ao Felipão. Aproveitando a oportunidade, ele fez uma excelente apresentação e ganhou o Scolari imediatamente", continua.
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Ainda de acordo com Carlos Alberto Parreira, o hoje treinador atleticano, o qual considera seu "pupilo", segue os passos necessários para se tornar um profissional bem sucedido. O primeiro deles foi se preparar.
"Depois que ele saiu da Seleção, fez um curso de formação na Itália e também estudou na Alemanha", conta. "Ele deu o segundo passo que foi de procurar por oportunidades. Hoje, está no terceiro e último; está pagando o preço, como interino, de iniciar na profissão", conclui o comandante do Tetra.Bruno Cantini/Atlético
Nova Geração
Pensando nos passos dados por Thiago, Parreira relembrou de 1968, quando iniciou a carreira de treinador comandando a seleção de Gana. À reportagem, ele conta que recebia 100 apenas Doláres para exercer a função, mas que não estava lá por dinheiro. Por ter topado o desafio, abriu portas e, em seguida, começou a galgar novos caminhos.
Questionado se o interino pode ser efetivado e se tornar um "novo Carille", o ex-treinador, baseando-se na cultura do futebol brasileiro, diz que tudo depende dos resultados que Larghi alcançar pelo Atlético.
"Lamento não ter trabalhado com ele em campo. Essa chance ele teve com o Oswaldo de Oliveira, no Atlético. Eu sabia que ele chegaria no lugar em que está. Espero que coloque em prática tudo aquilo que estudou e aprendeu", comenta Parreira.
"Ele é um rapaz educado, de boa convivência. A vida vai o ensinar a se relacionar e a lidar da maneira ideal com a imprensa, com os jogadores, com os torcedores e com todos que fazem parte do mundo do futebol", finaliza.
Cruzeiro e Atlético se enfrentam domingo, às 16h, no Mineirão. Para conquistar o título, a equipe de Thiago Larghi precisa de um empate, mas pode perder por até um gol de diferença para dar a volta olímpica.