Safra recorde pode ajudar o país a sair do atoleiro

Bruno Moreno
bmoreno@hojeemdia.com.br
11/01/2017 às 08:05.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:23

O pontapé para a recuperação econômica brasileira deve vir do céu e do campo neste ano. A previsão de boas condições climáticas, com chuvas, fez com que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) preveja uma safra recorde de grãos (215,27 milhões de toneladas) para 2017. O valor corresponde a um aumento de 15,3% (ou 28,6 milhões de toneladas) em comparação com o total de 186,7 milhões de toneladas no período 2015/16. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também prevê safra 16,1% maior.

Traduzindo o eco-nomês, mais oferta de grãos significa um aumento das riquezas produzidas no país, a redução dos preços e até mesmo mais empregos.

A tendência, segundo especialistas, é a de que a movimentação econômica em torno do agronegócio possa reverberar na economia como um todo.

Na semana passada, antes da publicação da previsão da Conab, o Boletim Focus apontou um crescimento de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2017. Agora, é possível que a projeção melhore. Metade do crescimento do PIB terá como resultado o agronegócio, conforme a Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

“A tendência é que de fato isso possa contribuir para aumentar o PIB. O impacto do aumento da safra é direto no aumento do PIB. Essa estimativa é da safra como um todo, e esses 215 milhões de toneladas não foram colhidos ainda e, até então, o clima tem sido bastante favorável, ao contrário do ano passado”, aponta o superintendente de gestão da oferta da Conab, Wellington Teixeira.

Para se ter uma ideia, o setor responde a 22% do Produto Interno Bruto brasileiro.

O professor de Economia Brasileira e Finanças da PUC Minas, Ário Maro, avalia que o primeiro impacto da safra recorde de grãos ocorre na elevação da renda agrária. “Você vai ter mais compras, não só de insumos, mas de bens finais. Principalmente nas cidades polos do agronegócio. Vai ter uma reativação de negócios”, aposta. Com a reativação, podem surgir novas vagas de emprego.

O economista destaca que o setor tem a capacidade de alavancar a economia quando há estagnação. Segundo ele, apenas o agronegócio não tira o país da recessão, mas é um belo começo.

“São setores que saem na frente. O esforço de investimento já está dado. Sempre nesses momentos, o setor agroindustrial ajuda a passar por essa turbulência. Aí, num segundo momento, setores como a construção civil e automóveis começam a se recuperar. É de bom tamanho saber que esse setor está respondendo ”, avalia.

Preços equilibrados
De acordo com Teixeira, a safra recorde deve contribuir também para que não haja aumentos expressivos de alguns produtos, como o feijão. No ano passado, o preço da leguminosa subiu sem parar até o mês de setembro, quando alcançou alta acumulada de 136,57% no ano.

A primeira safra do feijão deve atingir 1,3 milhão de toneladas, resultado 25,7% superior à safra passada. Já a colheita do arroz deve alcançar 11,64 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 9,7%.

“A tendência é a de que tenha oferta em abundância, e isso promove o abastecimento interno e a retomada das exportações. E evita que tenhamos condições de preço como as do ano passado”, afirma.

Já sobre a balança comercial, Teixeira aposta na retomada de mercados.

Caixa libera R$ 6 bilhões em empréstimos para produtores
A Caixa Econômica Federal anunciou ontem que irá disponibilizar aos produtores rurais R$ 6 bilhões para a linha de Custeio Antecipado, que possibilita o acesso a recursos para as lavouras até 270 dias antes do início do plantio da Safra Verão 2017/2018.

A safra cujo empréstimo foi disponibilizado é a seguinte a deste ano, quando a previsão é de recorde na produção de grãos.

A linha está disponível para as principais culturas, como soja, milho, arroz, trigo, feijão e sorgo, e conta com análise técnica automática para propostas de até R$ 500 mil.

Segundo o vice-presidente de Produtos de Varejo da Caixa, Fábio Lenza, o objetivo é fazer com que o produtor planeje os cutsos da próxima safra.

“O Custeio Antecipado proporciona as condições necessárias para que os recursos financeiros do Crédito Rural cheguem ao produtor rural de forma rápida, simples e no melhor momento, para que possa se programar e reduzir custos”, comenta.

Produtores podem contratar até R$ 3 milhões no Custeio Antecipado, deduzido deste limite o valor contratado entre julho e dezembro de 2016.

Balanço
A carteira de Crédito Rural da Caixa ultrapassou o montante de R$ 7 bilhões de saldo em operações ativas.

Para o ano-safra 2016/2017, que se encerra em junho de 2017, a Caixa deve superar o volume de R$ 10 bilhões em contratações nas linhas de crédito destinadas a custeio, investimento, industrialização e comercialização para produtores rurais, agroindústrias e cooperativas.

As contratações podem ser feitas nas 1.700 agências do banco espalhadas pelo país.

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