Salão de tanto, por muito

09/11/2018 às 15:22.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:45

Para quem encara o automóvel como mais do que simples meio de transporte e deslocamento, um salão do automóvel é como passeio em parque de diversões. Em raras ocasiões é possível estar tão próximo de máquinas que custam milhões, são produzidas em quantidades limitadíssimas, ou mesmo de conceitos que muitas vezes só existirão mesmo ali, sem se tornar versões de produção.

Lógico que tem muito de sonho, poder entrar, tocar, experimentar, se imaginar no comando, ouvir com atenção explicações sobre recursos tecnológicos e de segurança. Ignorar por momentos qualquer obstáculo financeiro, custo de IPVA, seguro, espaço na garagem.

Mas mostras como a de São Paulo, que vai até o próximo fim de semana, no SP Expo, não deixam de ser “uma visita a várias concessionárias ao mesmo tempo”. A chance de comparar produtos muitas vezes separados apenas por alguns metros – “hmm, esse tem controle de tração, o concorrente não; o acabamento desse parece mais esmerado que o do rival” – considerações que vão pesar lá na frente, no momento de transformar o sonho possível em realidade.

Nesse aspecto, o Salão de São Paulo não só mostra que os SUVs, em suas diversas propostas, continuam sendo a bola da vez, como que há coisa boa vindo por aí. O T-Cross, da Volkswagen, acaba sendo a principal novidade concreta, em meio a tantos exercícios de desenho, versões especiais e conceitos.

Opções interessantes não faltam. Ainda que os modelos oferecidos por aqui venham com alguns airbags a menos que os equivalentes europeus ou norte-americanos (não falo dos importados). Que alguma coisa se perca pelo caminho, ou que por baixo de linhas iguais estejam plataformas mais antigas, ou adaptadas. A escolha nunca foi tão ampla, o que é ótimo para o consumidor.

O problema está normalmente em letras pequenas colocadas nos displays que costumam ficar ao lado das estrelas da mostra: o preço. Se há não muito um SUV dos grandes (caso do Toyota SW4 ou do descontinuado Chevrolet Trailblazer) custava algo em torno dos R$ 180 mil, agora passamos a barreira dos R$ 200 mil com sobras. E isso vale para populares, intermediários, bem vendidos ou pouco vendidos.

A “desculpa” de praxe normalmente é a adoção de sistemas tecnológicos, eletrônica, auxílios à condução, que normalmente não aumentam apenas o peso dos veículos, mas também o peso no bolso de quem compra. Agora há também a justificativa da alta do dólar, que inclusive inibe a vinda de alguns modelos.

Lógico que comodidade e segurança tem seu preço, mas será que estaremos ‘condenados’ a pagar cada vez mais e não podermos optar pelo mais simples? Ou teremos que torcer fervorosamente para que o Real recupere força em comparação com a moeda do Tio Sam?

Quem gosta, ou precisa do automóvel (ou os dois) quer continuar sonhando em meio às supermáquinas dos salões, mas também espera poder continuar concretizando seus sonhos sobre rodas.

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