Salvador estuda criação de circuito para blocos afro

Tiago Décimo
10/02/2013 às 17:09.
Atualizado em 21/11/2021 às 00:53

O músico Carlinhos Brown, acompanhado por integrantes dos principais blocos afro e afoxés do carnaval de Salvador (Timbalada, Filhos de Gandhy, Cortejo Afro e Ilê Ayiê), em um total de 10 mil pessoas, entre elas 450 percussionistas, apresentou aos foliões do Circuito Osmar (Campo Grande), em Salvador, neste domingo, o projeto Afródromo.

A ideia das entidades, recebida com aprovação e promessas por parte das administrações estadual e municipal, é inaugurar, já a partir do próximo carnaval, um novo circuito para a folia da cidade, o Afródromo, para reunir os blocos afro e afoxés em um espaço exclusivo, nas imediações do porto da cidade, no bairro do Comércio. Segundo o projeto, o trajeto teria 700 metros da Avenida da França, que dá acesso ao porto, e funcionaria por três dias.

A principal diferença do Afródromo para os outros três circuitos da festa em Salvador - o Osmar, o Dodô (Barra-Ondina) e o Batatinha (Pelourinho) - está na interação do público com os grupos: em vez de poder acompanhar os trios e blocos, como nos demais circuitos, os foliões do novo trajeto da folia assistiriam aos desfiles de arquibancadas e camarotes, com vagas para, inicialmente, 22 mil pessoas, como nos carnavais do Rio e de São Paulo.

De acordo com Brown, a intenção do Afródromo é levar os desfiles dos blocos afro e afoxés de volta às origens. "Os circuitos de hoje não permitem que nos expressemos como nós (blocos e afoxés) nascemos, com nossos carros alegóricos, por exemplo", avalia.

Na amostra, os grupos participantes do projeto mostraram uma prévia do que se pode esperar do Afródromo: cercado por alegorias, Carlinhos Brown desfilou no chão, fantasiado de "caboclo" - sem camisa e com um grande cocar, como na representação dos heróis anônimos da Independência da Bahia -, no comando das entidades, que apresentaram evoluções coreografadas e várias performances percussivas. Já no começo do desfile, o grupo emocionou a multidão que estava na Praça do Campo Grande tocando O Guarani, de Heitor Villa Lobos, e Ashansú (Obaluaê).

Carnaval Cênico

Para o prefeito de Salvador, Antonio Carlos Magalhães (ACM) Neto, o Afródromo pode se transformar em mais um meio para fortalecer o carnaval da cidade na comparação com outros, em especial o do Rio. "No Rio, cresceu o carnaval de rua, com os blocos, e acho que podemos fortalecer esse carnaval mais cênico com o desfile dos blocos afro", avalia. "Será um espaço melhor para mostrar, para as mídias, então poderemos fazer um trabalho melhor na comercialização dos direitos de imagem."

O governador baiano, Jaques Wagner, também se mostrou favorável à proposta. "É uma ideia a qual a gente deve se dedicar, porque a natureza dos blocos afro é diferente da dos blocos comerciais", diz.

O prefeito e o governador acompanharam o desfile, assim como os ministros da Cultura, Marta Suplicy, do Turismo, Gastão Vieira e da Saúde, Alexandre Padilha. O cineasta americano Spike Lee, que está na Bahia gravando cenas e entrevistas para um documentário sobre o Brasil, também acompanhou parte do desfile.
http://www.estadao.com.br

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por