"Como a Justiça pode soltar em apenas quatro dias um homem que ganhou a confiança de uma menina de 8 anos e depois abusou sexualmente dela dentro de casa, várias vezes?". A fala indignada é de um pai diante da suspeita do crime cometido contra a filha pelo padrasto, que é sargento da Polícia Militar. "Minha filha o chamava de meu amigo", contou o pai.
O fato ocorreu em 7 de maio, véspera do Dia das Mães. "Quando minha filha contou o que aconteceu, fiquei vários dias sem dormir. Tenho medo de que o PM se aproxime novamente para abusar sexualmente dela. A decisão da Justiça não protege minha filha", comentou o pai da menina.
No dia seguinte à prisão em flagrante do policial de 38 anos, durante a audiência, a juíza Cibele Mourão Barroso de Figueredo, da 2ª Vara Criminal e de Execuções Penais de Vespasiano, na Grande BH, determinou a liberdade provisória do sargento.
A magistrada entendeu, segundo o termo de custódia, que a proibição de contato e aproximação da vítima e da mãe, por ora, é suficiente.
A defesa do policial alegou durante a audiência que o sargento não cometeu o crime e que trabalha há 15 anos na PM sem nenhum incidente.
Detalhes do caso
A reportagem do Hoje em Dia teve acesso aos depoimentos dados na delegacia pela mãe e pela criança. A mãe relatou que mora com o sargento desde que a menina tinha 2 anos. Ela contou que percebeu o comportamento estranho e silencioso da filha naquele 7 de maio após o companheiro ter ido beber água e demorado muito para voltar para o quarto do casal.
"Minha filha não me olhava nos olhos. Ao insistir para saber o que estava acontecendo, ela contou que o padrasto tinha abusado sexualmente dela várias vezes, inclusive com beijos na boca. E que naquele dia tinha tocado as partes íntimas dela e colocado o dedo na vagina", relatou a mãe.
O sargento se defendeu dizendo que a menina havia se confundido porque ela tinha se sentado no colo dele e, sem querer, ele teria passado a mão em cima do short dela. A mãe não acreditou e chamou a PM. O casal e a menina foram levados para a delegacia.
Mãe e filha estão fazendo acompanhamento com psicólogo.
Com o sargento da PM em liberdade, o pai da menina entrou com pedido de guarda temporária na Justiça. Ao ser negado, ele entrou com recurso.
"Preciso proteger minha filha nesse momento. A Justiça que deveria tomar esse cuidado, concedeu liberdade para o padrasto", disse o pai.
A reportagem do Hoje em Dia procurou a Polícia Militar, mas ainda não obteve retorno.
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