Sob o golpe da Covid

Saúde das empresas mineiras sofreu com pandemia e uma em cada quatro fecharam

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
Publicado em 26/11/2022 às 15:39.
Feira do Empreendedor, que acontece até domingo no Expominas, busca orientar MEIs, micro e pequenos empreendedores para que negócio seja mais longevo (Sebrae/Divulgação)

Feira do Empreendedor, que acontece até domingo no Expominas, busca orientar MEIs, micro e pequenos empreendedores para que negócio seja mais longevo (Sebrae/Divulgação)

Uma em cada quatro empresas abertas em Minas Gerais entre 2015 e 2017 fechou as portas antes de completar cinco anos de vida. Os dados foram apresentados durante a abertura da Feira do Empreendedor do Sebrae, realizada até domingo (27) no Expominas, em Belo Horizonte. 

Considerando o recorte das empresas abertas em 2017 e que completariam cinco anos em 2022, 24,5% fecharam as portas antes de comemorar o quinto aniversário. Em números absolutos, isso significa que das 55 mil empresas abertas em 2017, mais de 13 mil não chegaram até este ano.

A pesquisa foi realizada pela primeira vez e não apontou todas as causas de morte das empresas. Porém, o superintendente do Sebrae, Afonso Maria Rocha, acredita que a pandemia é o fator mais importante ao analisar a razão da mortalidade dos negócios nos últimos anos.
 
“O cenário de crise econômica foi agravado pela pandemia e contribuiu para o aumento dos níveis de incertezas e, consequentemente, refletiram na queda do faturamento e das expectativas de muitos donos de pequenos negócios. Esse número foi 6,5% maior para as empresas criadas em 2017”, avalia.

Mais que estatísticas, são números que mostram projetos interrompidos. Sonhos de profissionais como Juarez Silva e Valéria Perpétuo, ele açougueiro e ela professora da rede estadual. O casal se juntou para realizar um sonho: abrir o próprio negócio. Um restaurante que se firmou, cresceu, mas acabou tendo que fechar as portas em 2020, após muitas tentativas de enfrentar e encontrar caminhos para vencer a pandemia. 

“Nós tivemos que parar o atendimento durante um período. Nesta época tentamos renegociar o valor do aluguel da loja onde o restaurante funcionava; não conseguimos. Então, mudamos de endereço e, quando houve a reabertura, o movimento já não era o mesmo. As dívidas com empréstimos feitos durante a pandemia eram muitas e, para evitar prejuízos ainda maiores, fechamos as portas”, lamenta Juarez.

Valéria conta que “fechar o restaurante foi enterrar um sonho. Infelizmente, não reabriremos. Ficaram as dívidas, frustrações e muito trabalho para recuperar as finanças”.

Principais vítimas
Segundo a pesquisa do Sebrae, os setores de vestuário e produtos alimentícios lideram a lista de mortalidade empresarial – com níveis de 33,7% e 33% de fechamento, respectivamente. “São setores que merecem atenção e apoio para o fortalecimento dos empreendimentos”, diz Rocha.

São exemplos de setores que sofreram muito com o aumento da concorrência durante a pandemia, registraram queda no faturamento e acabaram vendo empresas estabelecidas tendo que fechar as portas. 

De acordo com Afonso Maria Rocha, a facilidade de entrada e criação de empresas em alguns setores, marcados pela existência de “negócios caseiros” ou com poucas exigências legais, fez com que pessoas que ficaram desempregadas na pandemia investissem em empresas nestas áreas em busca de garantir uma renda para a família. Muitas optaram por se tornarem Microempreendedores Individuais (MEI) e passaram a oferecer serviços neste tipo de setor.
 
Minas Gerais é, atualmente, o terceiro Estado com maior quantidade de MEIs. São mais de 1,6 milhão de pessoas optando por prestar serviços nesta modalidade – 10.513 novos MEIs só neste ano.

De acordo com o Sebrae, a maior parte concentrada em serviços de cabeleireiro, manicure e pedicure, grupo que lidera a lista, seguido por vestuário, obras, vendas e lanchonetes. 

Futuro
Os números das pequenas empresas mostram força deste tipo de negócio. Ao todo, em Minas, são mais de 3 milhões de pequenos negócios. Segundo o Sebrae, essas empresas correspondem a 99% dos empreendimentos brasileiros, respondem por 57% dos empregos do país e 41% de toda a massa salarial brasileira.
 
Mas para garantir a longevidade dessas empresas é preciso qualificação e acesso às informações essenciais ao negócio. “Nenhum empresário, grande ou pequeno, tem todas as informações necessárias ao negócio. Por isso, é preciso buscar auxílio”, destaca Felipe Brandão, gerente da Unidade de Inteligência do Sebrae Minas. 

Um número que indica a importância de buscar informações é percebido quando se compara a mortalidade das empresas que buscam ou não ajuda no Sebrae. Enquanto o número geral gira em torno de 25%, para as empresas que buscaram ajuda ele fica em torno de 16%.

A Feira do Empreendedor foi pensada para oferecer, gratuitamente, estas informações aos donos de negócios. Áreas como marketing digital e administração de finanças são as que mais recebem atenção no evento.

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