Saúde na horta

Hoje em Dia
22/03/2015 às 14:59.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:26
 (DIVULGAÇÃO)

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O marido da produtora rural Ana Lúcia Fernandes procurava há anos, a causa de uma diarreia constante. O problema impedia o oficial de Justiça Roberto Pereira de participar de comemorações, sair com os filhos e trabalhar. Em 2002, a surpresa: Roberto tinha uma forma agressiva de tumor no reto. Depois de 13 intervenções a laser e uma cirurgia de alto risco, o oficial entrou em remissão em 2006. A dificuldade de se alimentar, porém, era um problema para a família, já que o cardápio da casa teve de ser alterado para auxiliar na recuperação. Foi quando Ana Lúcia se juntou ao engenheiro agrônomo e coordenador estadual de oleicultura da Emater, Georgeton Silveira, para resgatar a tradição do cultivo de hortaliças não-tradicionais.   “Ele conversou, apresentou a ideia desse resgate das tradições às hortaliças e levei a ideia para a nossa associação de produtores. O pessoal gostou da ideia e logo criamos nosso primeiro banco comunitário”, conta Ana Lúcia. O cuidado com o plantio foi distribuído em sistema de rodízio: todos os dias, um produtor se comprometia a ir à horta e retirar ervas daninhas. O trabalho coletivo era feito aos finais de semana. “A gente aprendeu a plantar e a usar aquelas hortaliças de forma criativa. Comecei a fazer geléia, suco, pizza. Mudou a alimentação de todo mundo lá em casa”, completa a produtora, orgulhosa.   Mudas da Emater   O caso da família de Ana Lúcia foi o embrião para o lançamento do programa criado pela Emater. Lançado oficialmente em 2008 nos os municípios de Três Marias e Prudente de Morais, região Central do Estado, a iniciativa beneficiou 200 famílias logo na primeira fase de implantação. “Nós percebemos que plantas que não tinham qualquer histórico de utilização na mesa dessas pessoas passaram a ter destaque nas refeições”, conta Georgeton.   Além do fornecimento de mudas, a Emater realiza uma oficina de culinária e um seminário com o apanhado da experiência. Dois livros – um técnico e outro com receitas – norteiam o trabalho. A nutricionista Dóris Lorenzo, que comanda os trabalhos na cozinha durante a capacitação, destaca a experiência positiva. “Os produtores levam o que têm em casa para a oficina, e adaptamos o sabor de acordo com a região”.   Vegetais diferentes também apresentam alto teor nutritivo   Para a nutricionista da Emater Dóris Lorenzo, o desconhecimento sobre o que é ou não comestível e o preconceito quanto a certas plantas é um dos principais problemas na hora de capacitar os produtores rurais. “Conhecemos um casal que tinha vergonha de dizer que comia beldroega porque é considerado comida de pobre. Expliquei que é uma planta rica em fibra, ferro e vitamina A, uma hortaliça rica que ajuda na prevenção e tratamento de doenças intestinais”, lembra.   A ideia então, é adaptar as receitas, misturando as hortaliças com ingredientes locais. “Cada um traz um tempero, uma hortaliça nova e na oficina fazemos uma troca. Não basta só doar as mudas para as pessoas, é preciso convencer o produtor de que ela pode ajudar na complementação da renda e na manutenção de uma vida mais saudável”, diz a nutricionista.   O objetivo, ela conta, não é substituir os vegetais e legumes tradicionais como o alface e o tomate, mas mostrar que até o que às vezes é considerado erva-daninha pode ser a base de vários pratos.   Para se aproximar da realidade dos produtores rurais, a Emater tem convidado Ana Lúcia para participar dos treinamentos. Com uma linguagem simples, ela diz conseguir mostrar para as associações os benefícios das hortaliças. “É uma coisa que gosto demais de fazer, compartilhar o caso aqui de casa. O que me preocupa muito hoje em dia é que o produtor rural estava acostumado a plantar o que come e vender o que sobra. Hoje em dia, o que chega de salgadinho, de alimento industrializado no campo, é uma coisa absurda”, alerta. Ana Lúcia também ajuda na multiplicação do projeto, enviando mudas até para outras regiões do País. “Esses dias, mandei algumas lá para o Nordeste. Em feiras, sempre levo meus pratos e explico do que é feito. Nossa casa já é conhecida como o lugar as comidas diferentes”.   Biscoito de araruta com queijo   Ingredientes - 2 xícaras (chá) de polvilho de araruta - 1 xícara (chá) de farinha de trigo - 1 xícara (chá) de açúcar - 1 xícara (chá) de queijo Minas ralado - ½ xícara (chá) de fermento em pó - 2 ovos   Modo de preparo Junte todos os ingredientes, amasse e sove bem. Corte pedacinhos da massa, abra em forma de palitos e enrole em formatos de biscoitos. Asse em forno moderado. Está pronto para servir.   Azedinha com molho de tangerina   Ingredientes - 2 tangerinas médias sem casca - 1 colher (sopa) de maisena - 1 colher (sopa) de azeita de oliva - 1/4 de xícara (chá) de cebola ralada - 1 colher (sopa) de mel - 1 colher (sopa) de azedinha picada - 1 xícara (chá) de água - Sal a gosto   Modo de preparo Separe os gomos das tangerinas e retire as sementes. Bata no liquidificador a tangerina com a água até obter uma mistura homogênea. Coe o suco e, em outra vasilha, dissolva nele a maisena. Reserve. Em uma panela, aqueça um pouco o azeite e frite a cebola até dourar. Em seguida, junte o caldo de tangerina, o mel, a azedinha e o sal.   Mantenha a panela no fogo por cinco minutos ou até o molho encorpar. Sirva com lombo assado e salada de agrião.   Pasta de ora-pro-nobis   Ingredientes - 200g de folhas de ora-pro-nobis - 3 cebolas médias - 4 dentes de alho - 2 colheres de sopa de vinagre - 250ml de azeite de oliva - Sal e pimenta a gosto   Modo de preparo Lavar as folhas e colocar pra ferver com água por 10 minutos. Deixar escorrer e colocar no liquidificador com o restante dos ingredientes e bater até formar um creme. Envasar em vidros esterilizados.  

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