Resistência Bacteriana

Alerta da ONU: superbactérias podem causar quase 10 milhões de mortes por ano até 2050

Agência Brasil
07/02/2023 às 16:16.
Atualizado em 07/02/2023 às 16:18

Até 2050, o mundo deve passar a registrar cerca de 10 milhões de mortes ao ano devido ao surgimento e propagação das superbactérias – variantes que se tornam resistentes aos principais antibióticos.

O alerta é do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que defende a redução da poluição gerada pelos setores farmacêutico, agrícola e de saúde como estratégia essencial para combater a chamada resistência antimicrobiana.

De acordo com o relatório "Preparando-se para os Supermicróbios: Fortalecendo a Ação Ambiental na Resposta à Resistência Antimicrobiana pela Abordagem de Saúde Única", divulgado nesta terça-feira (7) pela Pnuma, o custo econômico das superbactérias poderia resultar em uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) global de pelo menos US$ 3,4 trilhões de dólares até 2030, empurrando 24 milhões de pessoas para a extrema pobreza.

O documento destaca que os supermicróbios já causam sério impacto na saúde humana, de animais e de plantas e defende uma resposta multisetorial de saúde. “Devemos permanecer focados em reverter a maré nesta crise, aumentando a conscientização e colocando este assunto de importância global na agenda das nações”, afirmou Mia Amor Mottley, presidente do Grupo de Lideranças Globais sobre Resistência Antimicrobiana.

Entenda
De acordo com o Pnuma, o desenvolvimento e a propagação dos supermicróbios acontece quando medicamentos antimicrobianos usados para prevenir e tratar infecções em humanos, animais e plantas perdem sua eficácia e a medicina moderna, consequentemente, perde sua capacidade de tratar até mesmo infecções leves.

A resistência antimicrobiana aparece na lista da Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das 10 principais ameaças globais à saúde. Em 2019, 1,27 milhões de mortes foram atribuídas diretamente a infecções resistentes a medicamentos em todo o mundo, enquanto 4,95 milhões foram associadas à resistência antimicrobiana.

“A tripla crise planetária implica em temperaturas mais altas e padrões climáticos extremos, mudanças no uso do solo que alteram sua diversidade microbiana, assim como poluição biológica e química. Tudo isso contribui para o desenvolvimento e a disseminação da resistência antimicrobiana”, destacou o programa da ONU.

"A poluição do ar, do solo e dos cursos d'água mina o direito humano a um ambiente limpo e saudável. Os mesmos fatores que causam a degradação do meio ambiente estão agravando o problema da resistência antimicrobiana. E os impactos da resistência antimicrobiana podem destruir nossa saúde e nossos sistemas alimentares", avaliou Inger Andersen, diretora-executiva da Pnuma.

Ações
Dentre o conjunto de medidas sugeridas pelo relatório para o enfrentamento dos supermicróbios estão:

  • Multiplicar os esforços globais para melhorar a gestão integrada dos recursos hídricos, como promover o abastecimento de água, o saneamento e a higiene
  • Estimular que países integrem um enfoque ambiental aos planos de ação em nível nacional relacionados com o meio ambiente, como programas nacionais de gestão de resíduos e poluição por químicos e planos de ação em matéria de biodiversidade nacional e planejamento frente à mudança climática
  • Estabelecer padrões internacionais relativos a indicadores microbiológicos adequados de resistência antimicrobiana a partir de amostras ambientais
  • Explorar opções para redirecionar investimentos, estabelecer incentivos e esquemas financeiros inovadores, bem como justificar o investimento no sentido de garantir financiamento sustentável, incluindo a alocação de recursos internos suficientes para enfrentar os supermicróbios
  • Reforçar o monitoramento e a vigilância ambiental, bem como priorizar a pesquisa para fornecer mais dados e evidências que fundamentem melhores intervenções

“A resistência antimicrobiana requer uma resposta de saúde única que reconheça que a saúde das pessoas, dos animais, das plantas e do meio ambiente estão intimamente ligados e são interdependentes. A prevenção está no centro da ação necessária para deter o surgimento da resistência antimicrobiana e o meio ambiente é uma parte fundamental da solução”, afirmou o relatório.

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