Betim tem primeiro caso de sarampo em Minas desde 2013

Malú Damázio e Bruno Inácio
24/01/2019 às 09:42.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:11
 (Arquivo Agência Brasil)

(Arquivo Agência Brasil)

Um homem italiano de 29 anos foi diagnosticado com sarampo em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, conforme a prefeitura do município. Esse é o possível primeiro caso em Minas desde 2013, quando a doença foi identificada em moradores do Estado, mas teria sido contraída na Flórida, nos Estados Unidos. 

O homem teria se mudado para a região do Alcides Braz, em Betim, em 10 de janeiro, para trabalhar em Juatuba, também na Grande BH. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a vigilância epidemiológica da cidade foi notificada na última terça-feira (22) da suspeita de sarampo, colheu a sorologia e encaminhou à Fundação Ezequiel Dias (Funed), que confirmou a doença. 

No entanto, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) ainda diz que é preciso uma segunda análise para dizer se o homem tem ou não sarampo. Após a coleta, a amostra foi encaminhada à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, para novo teste de biologia molecular para detectar o vírus. Até a tarde desta quinta-feira (24) a amostra ainda não havia chegado ao laboratório carioca.

Ele está internado em um hospital particular de Belo Horizonte desde a última segunda (21) e está estável clinicamente. Um bloqueio vacinal, verificando as condições de imunização da comunidade, está sendo feito tanto no ambiente hospitalar quanto na região da residência e da empresa em que ele trabalha, de acordo com o Estado. "Destaca-se que as ações de notificação imediata, controle e bloqueio vacinal são independentes de todas as confirmações laboratoriais (sendo de competência das vigilâncias municipais, com suporte regional e estadual) e são iniciadas a partir da suspeita da doença", informou a SES, em nota. 

Caso

Os primeiros sintomas, como febre e manchas pelo corpo, foram percebidos no dia 18, o que fez com que o município trabalhe com diversas possibilidades, dentre elas de que ele tenha contraído a doença em solo brasileiro, como explica o diretor de vigilância em saúde da Secretaria de Saúde de Betim, Nilvan Baeta. 

“Por se tratar de um homem que não é morador daqui, podemos ter o vírus circulante. Devido ao fato de ele ter viajado, a contaminação pode ter acontecido no percurso, na Itália, na Croácia, ou depois de ele ter vindo para o Brasil”, afirma Baeta.

No fim de dezembro, o paciente viajou para a Croácia, voltou para a Itália e, em seguida, se mudou para o Brasil. O paciente não soube informar se já havia sido imunizado pelo sarampo.

Já a SES adota a ideia de que o caso de sarampo seja importado, ou seja, que a transmissão do vírus tenha se dado fora do país, considerando ainda que a doença tem um período de incubação e o paciente pode demorar para manifestar sintomas.  

Medidas

A prefeitura de Betim informou que realizará bloqueio vacinal na região onde o italiano vive. Os agentes básicos de saúde irão às casas de centenas de moradores do Alcides Braz verificar se os vizinhos estão ou não imunizados. Caso não tenham tomado a vacina, a equipe administrará o medicamento, seja na casa da pessoa ou nos postos de saúde. 

“Também veicularemos informativos nas mídias locais e avisaremos toda a comunidade do entorno para procurar as unidades básicas de saúde. Muitas pessoas podem não estar em casa quando as equipes passarem, então a recomendação é que todos estejam atentos aos cartões de vacina e se imunizem o quanto antes”, diz Baeta. 

Em conversa com os moradores da região, o diretor de vigilância foi informado de que o italiano não teria família no Brasil e que vai cedo e volta tarde do trabalho na cidade vizinha. “O contato dele com os demais é muito pequeno, mas mesmo assim vamos percorrer os quarteirões perto da residência dele, fazendo uma varredura nas ruas para vacinar mais pessoas, caso o vírus esteja circulando na cidade”, frisa. 

A doença

O sarampo é uma doença infecciosa grave causada por um vírus. O índice de contágio é muito alto, o que preocupa as autoridades, já que a transmissão se dá por secreções (como tosse, espirro e até respiração), de pessoa para pessoa.

Em 2018, mais de 10 mil casos foram confirmados em território nacional. No entanto, conforme o Ministério da Saúde, a maior parte deles se concentrava na região Norte do país. 

São sintomas do sarampo febre, manchas avermelhadas pelo corpo, conjuntivite, tosse, coriza, rinite e aversão a luz. A doença é comum na infância. 

Vacinação

A campanha nacional de vacinação contra sarampo e rubéola, ocorrida em agosto do ano passado, atingiu a meta mínima de cobertura vacinal. Mais de 97% pessoas foram imunizadas. O público alvo inclui cerca de 1 milhão de crianças de 1 a 5 anos.

A vacina tríplice viral está disponível em todas as unidades básicas de saúde do Estado e protege contra sarampo, caxumba e rubéola. 

O Hoje em Dia procurou a Secretaria de Saúde de Juatuba e aguarda retorno. 

(Com informações de Bruno Inácio)

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