Saúde mental

Estudo da UFMG e Uerj aponta subnotificação de casos de depressão em pessoas negras no Brasil

Pesquisa revela disparidade no diagnóstico e reforça a necessidade de políticas públicas

Ana Luísa Ribeiro*
aribeiro@hojeemdia.com.br
06/09/2025 às 12:16.
Atualizado em 06/09/2025 às 12:25
Pesquisa defende políticas públicas para reduzir desigualdades no acesso à assistência à saúde mental (Freepik/Divulgação)

Pesquisa defende políticas públicas para reduzir desigualdades no acesso à assistência à saúde mental (Freepik/Divulgação)

Um estudo realizado por pesquisadores da UFMG e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) identificou significativa subnotificação de casos de depressão entre pessoas negras, com baixas renda e escolaridade. Os resultados mostram falta de acesso dessa população a profissionais capacitados para o diagnóstico, reforçando a desigualdade no acesso à assistência à saúde mental.

A pesquisa, publicada no Journal of Racial and Ethnic Health Disparities, comparou dados de brasileiros que relataram ter diagnóstico de depressão com os resultados de avaliações feitas a partir de sintomas, aplicando o Questionário de Saúde do Paciente-9 (PHQ-9), um instrumento multifuncional para triagem, diagnóstico, monitoramento e medição da gravidade da depressão. A análise utilizou informações da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, que avaliou cerca de 80 mil pessoas em todas as regiões do país.

“Existe uma menor prevalência do auto relato de diagnóstico médico entre a população, comparado com sintomas depressivos. Isso se dá principalmente entre a população negra, mas também entre mulheres, entre aquelas pessoas de baixa renda, entre quem tem menor escolaridade, entre os jovens de 18 a 25 anos”, explicou a pesquisadora Thaís Caldeira, doutora em Saúde Pública pela UFMG. Segundo ela, a situação é ainda mais grave entre mulheres negras, que apresentam a maior diferença entre sintomas e registros formais de diagnóstico.

A pesquisadora ressalta que a subnotificação reflete barreiras de acesso ao sistema de saúde e também falhas na formação de profissionais. “Precisa modificar até mesmo a formação dos profissionais de saúde. Porque esse problema acontece muitas vezes antes mesmo de o profissional chegar à ponta. Começa na sua formação. Isso é pouco discutido dentro das universidades”, afirmou.

Além disso, o estudo alerta para a necessidade de políticas públicas voltadas à equidade no diagnóstico e tratamento da saúde mental, principalmente após a pandemia de Covid-19, que agravou os índices de depressão no país.

*Estagiária, sob supervisão de Renato Fonseca

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